quinta-feira, 3 de maio de 2018

Pré-candidatos à Presidência e ao governo de SP fazem romaria a feira ruralista no interior do estado

Visitado por Bolsonaro, Alckmin, Ciro, França, Doria e Skaf, evento deve receber ainda Temer e Meirelles

Marcelo Toledo | Folha de S. Paulo

RIBEIRÃO PRETO - Eles têm sido presenças constantes nos estandes da Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), em Ribeirão Preto. Todos os dias, passam nos espaços de fabricantes de máquinas e equipamentos agrícolas e entidades ligadas ao agronegócio.

Essa autêntica romaria tem sido protagonizada desde segunda-feira (30) por políticos pré-candidatos à Presidência e ao governo de São Paulo na maior feira do agronegócio no país.

Jair Bolsonaro (PSL), Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT), todos com interesse na cadeira presidencial, circularam pelo local apertando as mãos de eleitores, abraçando ruralistas e transformando a feira agrícola em palanque antecipado de suas pré-candidaturas.

Até sexta (4), quando termina, a Agrishow prevê receber ao menos 150 mil visitantes. O total de presidenciáveis crescerá nesta quinta (3), com a confirmação da visita do presidente Michel Temer. Ele participaria da abertura, mas cancelou. Além dele, o ex-ministro Henrique Meirelles, outro que tenta viabilizar candidatura pelo MDB, também é aguardado na quinta.

Tradicionalmente a feira recebe esse contingente de políticos a cada quatro anos, mas em 2018 as visitas estão mais frequentes. Para dirigentes ruralistas ouvidos pela Folha, o cenário de incerteza política propicia as visitas em larga escala.

Todos os pré-candidatos elogiaram o agronegócio brasileiro.

Bolsonaro, único pré-candidato ao Planalto presente à abertura, deixou o local antes do término da cerimônia e percorreu ruas da fazenda em que a feira é realizada.

Se, entre os membros do agronegócio, a recepção dele foi morna, nas ruas foi saudado por seguidores aos gritos de mito. Apoiadores de sua campanha também entregaram adesivos a motoristas que chegavam ao local na terça-feira (1º).

Já Alckmin e Ciro visitaram o evento nesta quarta (2), praticamente no mesmo horário —Ciro disse que estavam no mesmo voo para Ribeirão.

A disputa pelo comando do governo paulista também tem gerado visitas em série à Agrishow. Já passaram pelo local o governador Márcio França (PSB), sucessor de Alckmin, João Doria (PSDB) e PauloSkaf (MDB). Nesta quinta, será a vez de Rogério Chequer (Novo) aparecer na feira, segundo a organização.

A visita à feira foi mais uma oportunidade para Doria criticar França, buscando associar o adversário à esquerda. Na terça, o tucano afirmou: "As cores do PSDB são azul, amarelo e branco. Aqui não tem espaço para o vermelho".

Como comparação, em 2014, ano de eleição para os mesmos cargos deste ano, a então presidente, Dilma Rousseff (PT), que foi reeleita, não compareceu à feira. Seu rival no segundo turno, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), aproveitou o vácuo e reivindicou a posição de "candidato do agronegócio".

A feira agrícola será encerrada nesta sexta (4) e a previsão é de movimentar R$ 2,3 bilhões em negócios, com visitantes de 70 países.

CIRO
Na visita à Agrishow, o presidenciável Ciro Gomes afirmou que é preciso compreender e respeitar o tempo do PT. A afirmação foi uma resposta ao ex-governador Jaques Wagner (PT-BA), que admitiu a hipótese de o PT não ser cabeça de chapa nas eleições presidenciais e ocupar a vice, caso o ex-presidente Lula seja impedido de concorrer. O baiano se disse à vontade para discutir a hipótese de se aliar a Ciro.

"O fato real e concreto é que nós temos de aceitar, compreender e respeitar o tempo do PT, para o que quer que seja. Não é simples, não é trivial o momento pelo qual o PT e sua principal liderança estão passando e, portanto, eu respeito o tempo e a forma do PT e vou tocando o meu bonde, propondo ao Brasil uma alternativa."

De acordo com Ciro, o PDT está conversando com todos os outros partidos e é muito improvável que definições ocorram antes de junho. Questionado sobre eventual aliança com Joaquim Barbosa (PSB), disse: "Como posso pensar em aliança com alguém que quer ser candidato a presidente? Eu sou delicado".

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