Folha de S. Paulo
Depois de governo ruinoso, ele terá que enfrentar o futuro sem cargo pela primeira vez em décadas
Por quatro anos, Jair
Bolsonaro se dedicou a um único projeto: permanecer no cargo
com poderes ampliados. Em sua chorosa despedida do governo, o presidente
em fuga se viu obrigado a fazer uma melancólica admissão de seu
fracasso.
O ciclo de Bolsonaro tem a marca de um
político que deixou de lado o papel de governante para trabalhar
pela própria autoridade. Ele ignorou funções básicas da
administração do país para transformar a máquina pública numa ferramenta a
favor de seus desejos.
Bolsonaro só se interessou pela gestão da economia quando precisou evitar a deterioração de seu poder e ganhar sobrevida na disputa eleitoral. Levou adiante a política de armas porque pretendia intimidar opositores e só insistiu num discurso de liberdade para justificar seus delírios autoritários.
Apeado da cadeira pelo voto e sem força
para executar um golpe, Bolsonaro perdeu seu principal propósito. O silêncio de
quase dois meses após a derrota na eleição foi o reflexo desse processo de
esvaziamento. O discurso no
penúltimo dia do ano foi o reconhecimento de que o poder
finalmente escaparia de suas mãos.
No pronunciamento de sexta (30), Bolsonaro
se esforçou para descrever o baque como uma injustiça. Coloriu um governo de
bons resultados (como se o eleitor tivesse errado ao negar a reeleição) e atribuiu a
derrota a perseguições (como se as leis não valessem para o
político poderoso que ele gostaria de ser).
Bolsonaro ainda confessou ter vivido o
desespero que só acomete os políticos mais apegados à cadeira. Sem deixar
margem para muitas dúvidas, ele praticamente assumiu que procurou o caminho
para um golpe, mas percebeu que não teria apoio e decidiu bater em retirada.
A sede de poder custou ao país um governo
ruinoso, o cultivo do ressentimento e a consolidação do autoritarismo como
corrente política de massa. Bolsonaro deixa esse legado, mas terá que enfrentar
o futuro sem um cargo público pela primeira vez em décadas.
3 comentários:
O genocida foi o pior presidente q este país já teve. Desastroso! Q só volte pra acertar contas com a Justiça ⚖️.
Tudo pelo Poder! A mentira e a violência como métodos! O GENOCIDA foge covardemente depois de 4 anos de barbárie... Na sua volta, a Justiça vai finalmente alcançá-lo e ENCARCERÁ-LO por tantos crimes até agora impunes!
A questão é,será que ele volta?
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