A produção
capitalista é fruto da combinação de dois fatores de produção básicos: capital
e trabalho. Capital fixo e circulante que se materializa em instalações,
máquinas, equipamentos, matérias-primas, tecnologias, insumos, salários,
temperado pela capacidade empresarial e de inovação. Capital humano que cria
valor a partir do trabalho.
Tendo um
crescimento médio medíocre nas últimas décadas, vimos nossa renda per capita
estagnar em patamares que parecem revelar um aprisionamento insuperável à armadilha
da renda média. O sonho do Brasil grande, país do futuro, foi perdido numa
sucessão de escolhas erradas que obstruíram nossa travessia.
Grande parte do
impulso ao veloz crescimento vinha do bônus demográfico. Ano após anos, milhões
de jovens chegando ao mercado consumidor e de trabalho. O jogo mudou. O IBGE
avisa: a partir de 2042 – em apenas 17 anos - a população brasileira começará a
cair. Menos gente produzindo e consumindo. E cada vez mais idosos e menos
jovens e fortes impactos sobre as políticas públicas de previdência e saúde.
Para distribuir
a riqueza, primeiro precisamos produzi-la. Com menos gente produzindo só há um
caminho para alimentar o sonho de um país com alta renda média: aumentar a
produtividade.
Em 2024, a
produtividade ficou estagnada no Brasil. Alguns fatores impactam o aumento de
produtividade: educação de qualidade, capacidade tecnológica e de inovação, a
infraestrutura e as externalidades por ela geradas, o ambiente de negócios. Se
queremos ter um futuro ousado e ambicioso, temos que cuidar dessas variáveis.
Não teremos o
futuro sonhado se continuarmos com cerca de um terço da população classificada
como analfabeta funcional ou se mantivermos o vergonhoso 53º. lugar entre 65
países no PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). Não
clarearemos novos horizontes se os governos e as empresas continuarem com um
nível risível de investimentos em ciência e tecnologia, o que nos impede de
reproduzir experiências exitosas como a da EMBRAPA com o Agronegócio ou do ITA
com a EMBRAER. E a infraestrutura? Qual é a última grande obra que você tem
notícia de ser inaugurada? As parcerias com o setor privado avançaram. Novos
marcos regulatórios foram aprovados em setores como saneamento e ferrovias.
Pequenas revoluções foram feitas como nas telecomunicações. As reformas
trabalhista e tributária efetivadas serão um grande impulso. Mas com taxas de
juros estratosféricas não há investimento que resista. Para isso temos que
arrumar o fiscal.
A agenda é
conhecida e não é nova. Faltam clareza de diagnóstico, liderança, disposição,
coragem, convergência política e ação transformadora.
Oxalá minha
geração ainda assista o Brasil realizar a utopia de ser um grande país!
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