segunda-feira, 20 de julho de 2009

UNE tem nova direção afinada com governo

Gustavo Paul
DEU EM O GLOBO

Augusto Chagas assume dizendo que vai brigar por auxílio estudantil, construção de prédio no Rio e meia-entrada

BRASÍLIA. Adotando um discurso afinado com o governo — que bancou pelo menos R$ 920 mil para a realização do 51oCongresso — a nova diretoria da União Nacional dos Estudantes (UNE) foi eleita ontem para o biênio 2009-2011. O novo presidente da entidade é o paulista Augusto Chagas, de 27 anos, estudante do primeiro período do curso de Sistemas de Informação da Universidade de São Paulo (USP), que substitui a gaúcha Lúcia Stumpf, também de 27 anos. Como ocorreu nos últimos anos, a chapa vencedora é ligada ao PCdoB, que tem mais da metade dos delegados, de acordo com estudantes de outros partidos.

Oito chapas disputaram a eleição. A aliança que elegeu Chagas, chamada de Movimento da Unidade vai Nascer a Novidade, é ecumênica. Ele contou com o suporte da União da Juventude Socialista (UJS, braço estudantil do PCdoB), do PSB, do PDT, PMDB e do Partido Pátria Livre (PPL, antigo MR-8). O PT, no entanto, entrou rachado na discussão em quatro movimentos: Mudança, Reconquistar a UNE, Quizomba e CNB. Apenas uma parcela dos seus membros apoiou Chagas. O Congresso reuniu cerca de 10 mil universitários, mas 3 mil delegados participaram da votação.

Chagas acaba de deixar a União Estadual dos Estudantes (UEE) de São Paulo, onde exerceu a presidência duas vezes (2005 e 2007). Ao assumir, Chagas, que se disse favorável às políticas sociais do governo, prometeu aumentar a presença da entidade em questões nacionais, mas focar em assuntos de interesse estudantil. Um deles é a mobilização em torno da aprovação, no Congresso, do projeto de reforma universitária apresentado em maio ao Parlamento.

O texto prevê a implementação de um auxílio estudantil de cerca de três quintos do salário mínimo vigente para todos os estudantes carentes, de universidades públicas e privadas.

— A UNE sempre teve participação em assuntos nacionais.

Nossa maior batalha é sempre a próxima — avisa Chagas.

Chagas: benefício da meia entrada foi desvirtuado A nova diretoria também vai brigar para a construção da nova sede da UNE, na Praia do Flamengo, no Rio, que pode custar até R$ 36 milhões aos cofres da União. Esse é o valor máximo previsto no projeto de lei que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encaminhou à Câmara em agosto do ano passado. Segundo o texto, os gastos podem chegar a até seis vezes o valor do terreno, que é avaliado em R$ 6 milhões. O projeto, do arquiteto Oscar Niemeyer, prevê um edifício de 13 andares e um centro cultural, com teatro e um museu em memória ao movimento estudantil.

Outra batalha será a regulamentação da legislação da meia entrada. Segundo Chagas, esse benefício, originalmente destinado aos estudantes, desvirtuou-se. Ele também é contrário à proposta do meio artístico de estabelecer cotas para a meia-entrada.

— Tivemos um retrocesso grande nos últimos anos e temos de restringir esse benefício apenas aos estudantes

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