Ápice da turbulência, impeachment marcará nova fase da crise
• Se Dilma for derrotada neste domingo, como indica o Placar do Impeachment do 'Estado', futuro dependerá do Senado e do STF
Alberto Bombig - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, prevista para este domingo, 17, na Câmara dos Deputados, é o ápice até agora da maior crise política brasileira desde a redemocratização.
Enquanto o afastamento será votado no plenário da Casa, a partir das 14h, manifestações contra e a favor do afastamento deverão ocorrer em diversas cidades do País. Segundo especialistas ouvidos pelo Estado, qualquer que seja resultado, o cenário de turbulência deverá prevalecer por mais alguns meses, especialmente se a presidente for derrotada e a sua luta para permanecer no cargo se arrastar por muito tempo no Senado e no Supremo Tribunal Federal (STF).
O Placar do Impeachment do Estado mostra que a oposição à presidente contabilizava, à 0h deste domingo, 350 votos favoráveis ao impeachment, oito a mais do que o mínimo necessário (342, de um total de 513).
Portanto, se esses deputados mantiverem a decisão de apoiar o afastamento logo mais, Dilma será derrotada na Câmara neste domingo. Há ainda 133 contrários ao impeachment, 9 indecisos, 2 prováveis ausências e 19 deputados que se recusam a abrir o voto.
O Palácio do Planalto, no entanto, trabalha intensamente para reverter esse cenário, com envolvimento direto de Dilma, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu antecessor na Presidência, e de um time de ministros e governadores.
Caso sejam derrotados neste domingo, os petistas preparam um projeto para propor ao Congresso a convocação de novas eleições no País.
O vice-presidente Michel Temer (PMDB) também passou o sábado reunido com aliados em busca de apoios nesta reta final. Dilma acusou Temer de planejar o fim do programa Bolsa Família, marca das gestões petistas na área social, exatamente como o partido fez com os opositores da presidente nas eleições de 2010 e 2014. O vice reagiu: "Mentira rasteira".
Dilma Rousseff, de 68 anos é filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde 2001, economista de formação. Ela é alvo de pedido de afastamento que tem por base as pedaladas fiscais (manobras contábeis) e decretos orçamentários do ano passado.
Conforme as mais recentes pesquisas, a forma de governar da presidente - acossada pelas crises política e econômica - é desaprovada por 82% dos brasileiros (Ibope).
Se perder na Câmara, Dilma será processada pelo Senado. A votação será a segunda de um impedimento desde a redemocratização. Fernando Collor foi derrotado pelo plenário da Casa em 1992.
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