- Folha de S. Paulo
Há novos questionamentos: qual dos aliados vai implodir o governo? Quando?
Implosão é "estouro para dentro"; "série de explosões que se combinam de tal modo que seus efeitos tendem a concentrar-se em um ponto central". Provável que o Delegado Waldir tenha escolhido ao acaso a palavra que melhor descreve o que acontece ao partido do presidente e que pode atingir em cheio o governo quando ameaçou "implodir" Jair Bolsonaro.
Em poucos dias, tivemos a ameaça do deputado que xinga o presidente de "vagabundo" e diz que mostrará "a gravação dele". Depois, o parlamentar que dedurou o delegado partir para cima de colegas que querem cassá-lo: "Tenho muita coisa para foder o Parlamento inteiro. Vamos alinhar ou vamos guerrear?", disse Daniel Silveira, aquele que quebrou a placa com o nome da vereadora Marielle e jogou no chão o celular do jornalista Guga Noblat.
Por fim, a deputada Joice Hasselmann, vítima do que ela mesma chamou de "milícias digitais", apontou o dedo para os filhos do presidente, acusando-os de estarem por trás de um esquema de disseminação de fake news, de perseguição e de assassinato de reputações.
Ao longo destes dez meses, ficou claro que os alicerces que escoram o governo Bolsonaro não são firmes para fazer as articulações políticas necessárias, vide a reforma da Previdência. Mas as pequenas implosões que passam por Bebianno e Santos Cruz e que se intensificaram na semana passada mostram que não se trata apenas de despreparo dessa turma. Interesses individuais, vaidades, destempero podem em algum momento detonar uma bomba fatal.
Para começar, Delegado Waldir deveria mostrar a gravação que diz ter, Joyce dizer "o que fizeram no verão passado" e Silveira contar o que tem para "foder" o Parlamento. A pergunta que se faz à boca pequena, "será que Bolsonaro chega ao fim do mandato?", começa a ceder lugar a outro questionamento. Qual dos aliados vai implodir o governo? E quando?
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