O Estado de S. Paulo.
Até senador flagrado com dinheiro na cueca é atraído pelo Planalto
A uma semana das eleições que vão escolher
os presidentes da Câmara e do Senado, o Palácio do Planalto age para ampliar a
base no Congresso, com promessas de cargos após o resultado das disputas,
marcadas para 1.º de fevereiro. Embora a principal preocupação do governo
esteja no Senado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta se aproximar
cada vez mais de Arthur Lira (PP), favorito para ocupar novo mandato à frente
da Câmara.
Dois dias antes de embarcar para Buenos Aires, Lula jantou com Lira. O presidente quer evitar que a ofensiva do PT para ocupar espaços provoque mais um atrito com o deputado que controla o Centrão.
Há quem veja com bons olhos a candidatura
do deputado Chico Alencar (PSOL) e de algum nome da direita, ainda que para
marcar posição. O apoio do PT a Lira está mantido, mas o tamanho da vitória é
importante e muitos torcem para que não fique mais poderoso.
A reação à intentona golpista de 8 de
janeiro serviu para estreitar o relacionamento entre Lula e Lira. Nenhum dos
dois, no entanto, dá ponto sem nó. Em mais de uma ocasião, o presidente da
Câmara disse necessitar de “instrumentos” para entregar votos a Lula. “Não sou
pai de santo”, justificou.
Aliados de Lira afirmam que o Planalto
precisa encontrar uma fórmula para compensar o fim do orçamento secreto,
decretado pelo Supremo Tribunal Federal, se quiser “fidelizar” a base. Não é
raro ouvir queixas de que o PT entregou a chefia de ministérios a partidos como
o
União Brasil, mas ocupou os principais
cargos e, se não recuar, receberá o troco no plenário. Circula na frente ampla
a provocação de que, até agora, só correntes do PT têm “porteira aberta” para
nomeações.
No Senado, onde Rodrigo Pacheco (PSD)
concorre à reeleição com aval do PT, o Planalto montou uma estratégia para
atrair desafetos: vai “inflar” o PSB do vice-presidente Geraldo Alckmin na Casa
em que prevê enfrentar forte oposição.
Ex-vice-líder do governo de Jair Bolsonaro,
o senador Chico Rodrigues (União Brasil), flagrado com R$ 30 mil na cueca, em
2020, é um dos que negociam a migração para o PSB. Virou Lula desde criancinha.
Se bem que, verdade seja dita, a “moda” da cueca também já atingiu o PT.
Defensor do porte e posse de armas, o senador Jorge Kajuru, por sua vez, deixa
o Podemos para retornar às fileiras socialistas.
Alvo de campanha que mais parece temporada
do gabinete do ódio nas redes sociais, Pacheco deve ser reconduzido à
presidência na disputa contra Rogério Marinho (PL). Na prática, o tamanho real
da base aparecerá quando houver a primeira votação. Ao que tudo indica, a lua
do presidente será de fel.
Um comentário:
Como o real desvaloriza, naquela época 30 mil era uma dinheirama, hoje quase pagamento de 1 dia de trabalho de um advogado.
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