A eleição de 2022 nos trouxe uma boa novidade: a rejeição de um dos governos mais desastrosos e corruptos que o País já teve. Mas, ao mesmo tempo, uma grande decepção: a eleição de um parlamento, notadamente da Câmara dos Deputados, que fortaleceu em muito o chamado Centrão, grupo político composto por parlamentares fisiológicos, cujo único objetivo é se apoderar dos recursos públicos para ampliação de patrimônios privados e do poderio político.
Jamais ocorreu no Brasil uma eleição tão influenciada pelo
dinheiro como a de 2022, quando uma enorme quantidade de recursos públicos foi
colocada nas mãos dos apoiadores de Bolsonaro, por meio de emendas
parlamentares, do orçamento secreto (emendas RP-9 do Relator-Geral do
Orçamento), dos fundos eleitoral e partidário inflados, além dos recursos
desviados dos orçamentos de órgãos do Poder Executivo sob comando de
apadrinhados deles. A isso se deve atribuir os 58,2 milhões de votos que o
inelegível alcançou nas eleições de 2022 e não à sua suposta liderança
política.
E os resultados desta mixórdia estamos a assistir: apesar de toda
sua capacidade de negociação, Lula tornou-se refém do Centrão comandado por
Arthur Lira. A formação de uma base de apoio não confiável está custando muito
caro aos cofres públicos. E não existe outro tipo de diálogo com esse grupo. A
cada matéria de interesse do governo, o preço do apoio deles aumenta. E
aprovação nem sempre favorece plenamente o governo. Imagine-se quanto custará
ao Erário a aprovação da segunda etapa da reforma tributária.
Lula está sozinho nessa luta com o Centrão. Na realidade, o povo
em geral não está em condições de participar da vida política e social do País.
Por isso, os movimentos sociais são tão frágeis e se quedam inertes. O povo já
fez muito, até mais do que se poderia esperar, ao eleger Lula, apesar de todo o
uso indevido dos recursos materiais, humanos e de comunicação do Estado que o
governo do inelegível fez para garantir sua reeleição. A isto se deve atribuir
os 58,2 milhões de votos que ele conseguiu nas eleições de 2022 e não à sua
suposta liderança política.
Nos governos do PT registrou-se um avanço significativo nas
condições financeiras da população mais carente. Mas essa ação não foi
complementada por um esforço para elevação da consciência política e social,
nem tampouco para profissionalização dessa parcela, objetivando facilitar sua
inclusão no mercado de trabalho em melhores condições. E o pouco avanço
conseguido foi anulado pelas ações e destruições do governo do inelegível.
Neste contexto, não se deve esperar nenhuma melhora no atual
quadro político: o governo Lula continuará refém do Centrão até o seu final. E
o que é mais desesperador: se não houver uma ação coordenada da parcela da
sociedade mais consciente e do governo, o próximo Congresso poderá ser até pior
do que o atual.
Na realidade, a transferência de dinheiro público e de poder para
os parlamentares do Centrão continuam, possivelmente até mesmo maior do que no
governo anterior. O “orçamento secreto”, agora sob uma forma mais disfarçada,
continua com todo vigor. Após a declaração de inconstitucionalidade pelo STF, o
valor de R$ 19,4 bilhões alocado no orçamento de 2023 pelas emendas RP-9 do
Relator Geral, foi redistribuído.
Metade foi para as emendas individuais, que alcançaram valores
astronômicos (deputados, R$ 32 milhões cada – aumento de 80% em relação a 2022;
e senadores R$ 54 milhões, acréscimo de 206% em relação a 2022). A outra metade
foi alocada nos orçamentos de órgãos do Poder Executivo, para ser executada por
indicação dos líderes do Congresso. E não sabemos como isso está sendo feito.
O maior problema da nossa democracia é a ausência do povo. E
sabe-se que democracia sem povo consciente não se sustenta ou será deteriorada.
Sempre se terá que conviver com um Congresso similar ao atual, ou
pior. O povo tem que ser incluído na democracia. É utopia esperar que os atuais
políticos promovam qualquer avanço neste sentido. Para eles é bem melhor manter
o povo na ignorância e, portanto, omisso.
Neste contexto, a realização de ações visando elevar a consciência
política e social do povo deverá partir da parcela mais consciente da sociedade
e dos movimentos e instituições sociais, com apoio do governo.
Propomos a criação de “escolas de democracia e cidadania” nas
pequenas cidades do interior deste enorme país e nos bairros das cidades de
maior porte, visando promover cursos, encontros, seminários e congressos sobre
o tema.
Mesmo assim, não se devem esperar grandes resultados iniciais, vez
que uma enorme parcela da nossa sociedade está corrompida. Condição que foi e
está sendo fortemente intensificada pelos políticos integrantes do Centrão e
seus aliados.
Acorda Brasil! Não teremos condições de progredir com tanta
injustiça social, escancarada pela enorme desigualdade social e econômica, que
resulta na exclusão da maioria da população brasileira.
*Geólogo, advogado e escritor
2 comentários:
Seu texto oferece uma análise perspicaz da distribuição de recursos em emendas individuais e nos orçamentos de órgãos do Poder Executivo, apontando a falta de transparência como uma preocupação crucial. A observação sobre a ausência do povo na democracia como um problema fundamental é muito válida, já que uma democracia verdadeiramente sólida se baseia na participação informada dos cidadãos.
A proposta de estabelecer "escolas de democracia e cidadania" em várias regiões é uma ideia intrigante e valiosa. Isso poderia ajudar a preencher a lacuna educacional e promover uma consciência política mais ampla, permitindo que os cidadãos compreendam melhor seus direitos e responsabilidades. Reconheço a realidade desafiadora que você aponta, com um cenário político que pode resistir a mudanças significativas, especialmente considerando a corrupção existente e a desigualdade social que persiste.
Seu apelo para que o Brasil desperte para a injustiça social e para a necessidade de progresso é apaixonado e urgente. Enfrentar essas questões é essencial para construir uma nação mais justa e igualitária. Sua análise destaca claramente a complexidade das questões enfrentadas pelo Brasil e a importância de um envolvimento mais amplo da sociedade para superar esses desafios.
Parabéns, 👏👏👏
●Orçamento Secreto
●Lula
●Bolsonaro
●Arthur Lira
E o futuro dos pobres e dos não tão pobres do Brasil.
■Lula e Artur Lira estão operando o Orçamento Secreto. O mesmo velho Orçamento Secreto de antes.
■Lula não é refém do que ele mesmo opera em seu próprio benefício e contra o povo pobre e o povo não tão pobre.
▪Ninquém pode ser refém de si mesmo!
Como alguém pode se prestar a construir uma narrativa assim, falsificando os fatos, como o autor deste artigo, o J B Pontes está se prestando?
■O que Lula agora está operando junto com Arthur Lira é o mesmo Orçamento Secreto que Bolsonaro operou antes com o mesmo Arthur Lira.
Nós todos denunciamos a primeira fase do Orçamento Secreto, que foi operada por Bolsonaro e Arthur Lira e, é óbvio, denunciamos junto seus venais beneficiários e operadores principais, e chamando todos eles pelo nome e responsabilidades e estabelecendo o juízo moral devido a estes monstros-crápulas::
=>BOLSONARO !
=>ARTHUR LIRA !
=>MONSTROS !
=>CRÁPULAS !
■Nós, quando denunciamos a monstruosidade que é o Orçamento Secreto, não ficamos devaneando, arranjando modos e desculpas para não melindrar Bolsonaro e seus fanáticos, porque não cabe ficar aliviando monstros e crápulas:
☆Nós:: eu, o autor deste artigo, o JB Pontes, você e todos que tivemos consciência de que o Orçamento Secreto era uma monstruosidade operada por monstros, denunciamos a monstruosidade, demos os nomes, atribuímos as responsabilidades e juízos devidos.
☆Não foi?
Ou você que está lendo aliviou para Bolsonaro e não denunciou o Orçamento Secreto como a Mostruosidade que é e seus então operadores, Bolsonaro e Arthur Lira, como os monstros que são?
☆E agora?
Agora é do mesmo jeito:: o Orçamento Secreto é uma monstruosidade operada por monstros, só que os monstros de antes eram Arthur Lira e BOLSONARO e os monstros de agora são Arthur Lira e... L.U.L.A .
J B Pontes, portanto, vindo com essa conversinha fiada, é um falsificador dos fatos, e falsifica o mesmo fato, dependendo de quem forem os operadores, e não merece ser publicado.
●Persistir em corrupção e FALSIFICAR fatos parece ser a grande marca de próceres do PT e de seus cúmplices, muitas vezes mais ainda do que Bolsonaro, e essa falsificação acaba contaminando muitos petistas.
■Quem opera monstruosidade é monstro!
■Quem tergiversa para esconder o seu monstro e só mostrar o monstro que quer é mais monstro ainda!
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