quinta-feira, 1 de novembro de 2012

PT fechado para balanço


Executiva nacional do partido discute hoje o desempenho nas urnas e tenta acalmar os candidatos derrotados na eleição municipal

Paulo de Tarso Lyra

Em um espaço de apenas quatro dias, o PT vai acomodar os vitoriosos e consolar os derrotados. Hoje, a Executiva Nacional do partido reúne-se em São Paulo para fazer um balanço das eleições municipais de 2012 e acalmar sobretudo os nordestinos, que sofreram as maiores derrotas, ficando de fora das três principais capitais: Fortaleza, Recife e Salvador. Na próxima segunda-feira, o prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad, se senta com as diversas tendências para definir o espaço de cada um no futuro governo.

Durante o segundo turno, com medo de que o debate por cargos atrapalhasse a eleição de Haddad, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ordenou que as disputas cessassem para evitar o "salto alto". Passada a vitória nas urnas, o tema está livre para ser debatido novamente. "Acomodar os aliados quando se ganha é bem mais fácil. O duro é explicar quando se é derrotado", disse o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), um dos coordenadores da campanha.

Segundo o secretário de Organização do PT, Paulo Frateschi, além de Haddad, caberá ao vereador Antonio Donato (PT-SP), escolhido para conduzir o governo de transição, domar o ímpeto dos aliados. O próprio Donato é um dos petistas que se empenharão em indicar apadrinhados. "A pressão é muito maior por parte dos deputados federais, estaduais e vereadores", acrescentou Frateschi.

Apesar das declarações dadas pela ministra da Cultura, Marta Suplicy, elogiando a escolha de Haddad por Lula mas afirmando que, "com ela, a vitória poderia ter sido mais fácil", tanto Frateschi quanto Zarattini não veem nisso uma tentativa da ministra de indicar apadrinhados para a prefeitura. Ela, ao lado do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e do da Saúde, Alexandre Padilha, são os principais cotados para disputar o governo de São Paulo em 2014. "Candidatos a governo precisam compor alianças e não disputar espaços na prefeitura", completou Zarattini.

Nordeste

Já o PT derrotado começa a lamber suas feridas hoje. A Executiva Nacional do partido tentará entender por que a legenda perdeu espaço no Nordeste. Na tarde de terça-feira, senadores do PT nordestino tiveram a primeira conversa com o presidente Rui Falcão e demostraram descontentamento.

 Em alguns casos, as queixas foram pela ausência de Lula nos palanques (caso de Teresina). Em outros, as reclamações envolveram os diretórios municipais, que racharam e inviabilizaram as disputas, como ocorreu em Recife. "Eu brinquei com o Falcão que o que o Pellegrino teve (Nelson Pellegrino, candidato derrotado à prefeitura de Salvador) teve este ano eu não tive em 2008. Lula foi a Salvador duas vezes e à presidente, uma. Eu tive adversários da base e nenhuma ajuda, nem federal nem estadual", completou o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA).

O partido também começará a discutir os efeitos do mensalão. Mas uma posição oficial criticando o julgamento do Supremo Tribunal Federal só será divulgada após a dosimetria das penas, para não parecer que "queremos pressionar o STF", alegou Frateschi.

 Regressão do câncer

Três dias depois de celebrar a eleição de Fernando Haddad (PT-SP) para a prefeitura de São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou ontem mais uma vitória. Exames realizados no Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista, confirmaram a regressão completa do câncer de laringe descoberto em outubro de 2011. O edema na garganta, resultado do tratamento para eliminar o tumor, também regrediu de forma satisfatória, segundo a assessoria de Lula. O hospital não divulgou boletim. Para que a cura seja efetivamente comprovada, os exames devem dar negativo pelos próximos quatro anos (PTL).


Fonte: Correio Braziliense

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