Partindo
do principio de que bolsonarismo e o petismo são as duas grandes forças a
moldar a política brasileira na atualidade, o cientista político Octavio Amorim
Neto, professor da FGV Rio acredita que o que os anos de 2021-2022 nos reservam
dependerá do estado de cada um deles (fortalecido x enfraquecido), que resulta
em quatro cenários hipotéticos, que abaixo resumo com base no texto publicado
no Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da FGV-Rio
Cenário
1:– Bolsonarismo fortalecido vs petismo fortalecido. Esse cenário supõe o
aprofundamento da “normalização” política do governo, iniciada a partir da
prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flavio Bolsonaro. As
enérgicas ações do ministro Alexandre de Moraes na condução dos processos que
investigam tanto atos antidemocráticos patrocinados por seguidores de Bolsonaro
quanto ataques ao Supremo Tribunal Federal nas redes sociais foram decisivas
para forçar o ex-capitão do Exército a mudar sua postura política.
O
fato de as Forças Armadas não terem apoiado as referidas tentativas também
contribuiu para o fracasso destas. A mudança levou Bolsonaro a procurar o
respaldo legislativo do Centrão, o qual tem dado ao Executivo uma base de
sustentação parlamentar distante ainda de uma maioria, mas suficiente para
evitar a destituição do chefe do Executivo.
Se
o novo presidente da Câmara dos Deputados for um parlamentar alinhado com o
Palácio do Planalto, facilitará a aprovação dos projetos do Executivo, mas
também dificultará a abertura de um processo de suspensão do mandato
presidencial. A reeleição de Donald Trump nos EUA será outro fator relevante
para o fortalecimento do bolsonarismo.
Para
que os pleitos municipais signifiquem o fortalecimento do bolsonarismo, é
preciso que este colha um bom resultado na cidade do Rio de Janeiro, berço
político de Bolsonaro. Para que o bolsonarismo se fortaleça, o presidente
deverá ter êxito em sua manobra de transferir os custos econômicos da Covid-19
para os governadores, e lograr a aprovação de um substituto do auxílio
emergencial que sinalize ao mercado que a dívida pública e os gastos públicos
não seguirão uma trajetória explosiva.
Para
que o petismo saia fortalecido nos próximos meses, bastará que o PT tenha um
desempenho superior ao que teve nas eleições municipais de 2016, que Lula
continue aparecendo como um nome competitivo nas pesquisas de opinião relativas
à disputa presidencial de 2022, e que não surja nenhuma nova de liderança de
esquerda que efetivamente desafie a hegemonia petista nesse campo.
Cenário
2: Bolsonarismo fortalecido vs petismo enfraquecido. Se o bolsonarismo se
fortalecer, se descortinará uma real oportunidade para a formação de uma frente
democrática de oposição ao governo, alternativa que tem sido rechaçada por
Lula. Caso o PT perceba que corre sérios riscos de não ir para o segundo turno
em 2022, e que Bolsonaro tem grandes chances de ser reeleito, Lula poderá vir a
apoiar um candidato de outra sigla, formando assim uma ampla coligação
eleitoral que vá do centro à esquerda.
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