quinta-feira, 9 de março de 2023

Bruno Boghossian - A Força-tarefa dos diamantes

Folha de S. Paulo

Ex-presidente e aliados se complicam ao tratar apreensão de diamantes como problema burocrático

Trazer um pacote milionário de joias ao Brasil sem comunicar às autoridades foi só a primeira infração do time de Jair Bolsonaro. O ex-presidente e seus aliados conseguiram se complicar ainda mais ao fingir que a história dos presentes sauditas era um problema burocrático menor.

Os bolsonaristas tornaram a defesa do ex-presidente mais difícil desde que os itens foram apreendidos, em 2021. Auxiliares quiseram reaver as joias por meios irregulares, tentaram driblar as restrições da lei e espalharam versões desencontradas sobre os presentes.

A equipe de Bolsonaro deu seguidos sinais de que não pretendia tratar o pacote como um presente oficial e destiná-lo ao acervo público, como determinam a lei e o Tribunal de Contas da União. A primeira prova já apareceu no aeroporto, quando o ministro Bento Albuquerque tentou dar uma carteirada e disse que as joias eram para a primeira-dama.

A partir de então, uma força-tarefa para liberar o presente envolveu assessores do presidente, militares e a cúpula da Receita. A pressão era feita sobre os servidores responsáveis pela apreensão. Eles não cederam porque o governo insistia em manter a possibilidade de incluir as joias no acervo privado de Bolsonaro.

A investida feita no apagar das luzes do governo reforça a suspeita. A dois dias do fim do mandato, um sargento da Marinha foi ao aeroporto para pegar o presente com urgência —o que só seria o caso se o então presidente estivesse interessado em levar os diamantes para casa.

O próprio Bolsonaro se enrolou ao explicar a história. Primeiro, ele afirmou que não havia pedido o presente, mas deixou de dizer que ficou com outro estojo valioso entregue na mesma viagem.

Depois, o advogado do ex-presidente alegou que os diamantes eram um presente particular. Não era o caso. As regras atuais estabelecem que itens dados por governos estrangeiros não são de uso pessoal. Com a desculpa, porém, a defesa praticamente admitiu que Bolsonaro ficaria com as joias de R$ 16,5 milhões.

 

4 comentários:

Anônimo disse...

Jair Bolsonaro, por ter bolso no nome, achou que podia usá-lo para afanar as jóias árabes de € 3 milhões, levá-las aos States no avião presidencial 'oficial', e utilizar suas 'habilidades' criminosas para dividir as jóias e vendê-las por lá.
Daria enredo pra um filme de 5a categoria, digno da sua 1a dama-assecla.

Anônimo disse...

Pois é, embolsar recursos públicos é uma das preferências criminosas dele.

Anônimo disse...

Que quadrilha, gente, que quadrilha!

ADEMAR AMANCIO disse...

A novela das joias continua.