O Estado de S. Paulo
A pergunta que começa a rondar Brasília: o que está acontecendo com Lula?
Na mesma semana, o presidente Lula
surpreendeu os meios políticos, jurídicos e diplomáticos ao fazer ao menos duas
acusações graves, sem provas, imprudentemente. A primeira atingiu os Estados
Unidos, um parceiro fundamental. A segunda foi contra o ex-juiz, ex-ministro e
agora senador Sérgio Moro, mas os estilhaços vão longe.
Ao vento, do nada, Lula acusou o
Departamento de Justiça dos EUA de um conluio com a Lava Jato para prejudicar
as empreiteiras brasileiras em licitações internacionais. Uma história
rocambolesca, sem pé nem cabeça, dessas que qualquer um pode lançar numa mesa
de bar, numa roda de amigos, mas o presidente?
Ele já vinha espancando o Banco Central e mandou rasgar os livros de economia e a acusação foi feita às vésperas da viagem à China, que vive momentos tensos com os EUA. A reação oscila entre o choque e o constrangimento, com uma pergunta pairando nos ar: O que está acontecendo com o Lula?
EUA e China são as duas maiores potências
do mundo e essenciais para o Brasil. Além disso, o governo Joe Biden fez uma
defesa enfática das eleições e das urnas eletrônicas e cumpriu a promessa de
reconhecer rapidamente a vitória do vencedor – torcendo, por baixo dos panos,
mas nem tanto, para Lula. Logo, é um aliado. Precisa ser tratado como aliado.
Não satisfeito, o presidente se saiu com a
história de que a articulação do PCC para matar Moro, sua família e o promotor
Lincoln Gakiya foi “armação do Moro”! É irresponsável, ridiculariza a Polícia
Federal,
que detectou e agiu tempestivamente contra
a audácia do crime organizado, e tem um efeito colateral: dá holofotes a Moro.
Ninguém fala o que quer, na hora que bem
entende, sem pesar as consequências. Isso vale principalmente para um
presidente, mas Lula tem quebrado essa regra básica com certa frequência,
preocupando o seu entorno, gerando críticas diplomáticas, atiçando a oposição
e, claro, ganhando espaço negativo na mídia.
Também é mais do que compreensível que,
depois de tudo o que passou, a prisão, a morte do neto..., Lula chore num
discurso, num evento. Mas, se ele chora tanto, tão seguidamente, começa a gerar
um zunzunzum incômodo sobre as condições emocionais de um presidente que volta
para um terceiro mandato num País e um mundo diferentes – e mais hostis.
Por falar em hostilidade, Lula, o governo e
o PT jogam toda a culpa dos juros estratosféricos no BC, mas manifestações
infelizes do presidente e insegurança na economia assustam investidores,
pressionam a inflação e impactam nos juros. Transformar o BC em vilão número 1
vai resolver?
4 comentários:
Excelente análise. Trata-se de um falastrão inveterado achando-se um gênio da política mas se expondo ao ridículo. Está cada vez mais parecido com o perdedor.
Lula é um boquirroto idiota e ladrão.
A colunista tem razão, mas as qualidades pessoais e políticas de LUla já foram reconhecidas pela maioria da população brasileira. Quando ele erra, como nos casos apontados pela colunista, merece ser criticado, mas isto não invalida as muitas qualidades que ele tem e já demonstrou ao alterar tantas políticas públicas que o GENOCIDA havia piorado ou eliminado. Os bolsonaristas são mais críticos aos acertos de Lula que aos seus erros!
Eliane curta e direta.
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