Não tem outro nome senão delinquência o que cometeu o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na manhã do dia 8 passado, quando bandos de baderneiros sob a bandeira dessa organização criminosa travestida de “movimento social” invadiram diversas propriedades privadas, ocuparam repartições públicas em vários Estados e depredaram o parque gráfico do jornal O Globo, no Rio de Janeiro.
A esta altura, não tem a menor relevância saber quais eram as reivindicações desses vândalos, uma vez que o objetivo de seus líderes é um só, desde sempre: acabar com a democracia. Infelizmente, embora esteja claro há muito tempo que o MST e outros grupos do mesmo naipe não têm o menor apreço pelas leis e pela convivência democrática, cometendo crimes em série em nome de uma certa “justiça social”, as autoridades nacionais titubeiam na hora de enquadrá-los nas leis que deveriam servir para todos, fazendo-os pagar pelo seu contumaz banditismo. Das duas, uma: ou os governantes entendem que o MST é legítimo interlocutor para tratar de questões agrárias, o que seria um rematado absurdo, ou evitam confrontá-lo por temerem a repercussão entre movimentos sociais, naturalmente barulhentos. De uma forma ou de outra, o resultado é a genuflexão do Estado brasileiro diante de um grupelho liberticida.
Gozando desse status especial, o MST entrega-se ao mais desbragado cinismo, ao cobrar respeito pelos seus direitos ao mesmo tempo que atropela os direitos alheios. O caso da invasão ao parque gráfico de um jornal é exemplar desse descaramento.
O ataque teve as características das ações do MST: além da invasão em si, já criminosa, os sem-terra, munidos de facões, fizeram pichações, quebraram vidros e destruíram móveis. Foram contidos pela segurança antes de entrarem na área das máquinas.
Eram cerca de 400 pessoas, a maioria mulheres. Já o MST disse que eram 800, que chegaram em ônibus fretados. Tudo isso era parte de “atividades” relativas ao Dia Internacional da Mulher “contra os inimigos das trabalhadoras”, segundo a organização. A depredação da gráfica do jornal “atingiu em cheio o núcleo político do golpe parlamentar-midiático, o partido que orienta a burguesia”, informou uma porta-voz do MST, que acusou a empresa jornalística de não ter “compromisso com a democracia e com a liberdade de expressão”.
No dia seguinte, diante do noticiário sobre a invasão, o MST queixou-se de que “a imprensa brasileira noticiou as atividades, marchas e ocupações com parcialidade e de forma a criminalizar as mulheres em luta”. Um dos alvos do protesto do MST foi uma reportagem da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), agência estatal de notícias, que em seu título classificou o ato do MST de “vandalismo”. Para o grupo, a reportagem “foge de qualquer parâmetro básico do bom jornalismo” ao “não garantir a voz das mulheres do MST”.
Ou seja, de uma só tacada, o MST pretendeu dar lições sobre democracia e jornalismo, enquanto seus soldados invadiam e depredavam as instalações de um jornal. É o caso de perguntar até quando o País tolerará esse comportamento deletério, que aposta na tibieza das autoridades para confundir democracia com baderna.
O ato do MST foi corretamente classificado pelo Globo como “um ataque à imprensa livre, pilar da democracia” e como “clara tentativa de intimidação, um ato que atropela a legalidade e o estado democrático de direito”. Na mesma linha, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) afirmaram em nota conjunta que “é inadmissível que um grupo que se diz defensor das causas sociais ameace e ataque profissionais e meios de comunicação que cumprem a missão de informar a sociedade sobre assuntos de interesse público”.
As entidades cobraram das autoridades “a punição dos responsáveis, para que vandalismos como este não voltem a se repetir”. Que esse apelo chegue, afinal, àqueles responsáveis por fazer cumprir as leis.
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