- Correio Braziliense
A reunião de sete partidos
rompeu o imobilismo das legendas que ainda não têm candidaturas definidas à
Presidência. A iniciativa foi do DEM, partido engajado no governo
A busca de uma alternativa de centro para
as eleições de 2022 reuniu, ontem, representantes de sete partidos, dando
início às articulações para construção de uma candidatura robusta de centro. O
perfil da reunião revela contradições que dificultam a convergência entre as
forças de centro-esquerda e centro-direita do país, que terão de fazer concessões
recíprocas. O compromisso firmado entre as siglas foi enfrentar o presidente
Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O encontro foi articulado pelo ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta, que
pleiteia a vaga de candidato do DEM.
Participaram da reunião ACM Neto (DEM),
Mendonça Filho (DEM), Renata Abreu (Podemos), Bruno Araújo (PSDB), José Luiz
Penna (PV), Aureo Ribeiro (Solidariedade), Roberto Freire (Cidadania) e
Herculano Passos (MDB). Segundo o presidente do Cidadania, o ex-deputado
Roberto Freire, não houve discussão de nomes. O presidente do PSDB, deputado
Bruno Araujo (PE), disse que o grupo busca construir nomes viáveis para uma
terceira via, supostamente desejada por 58% dos eleitores, segundo pesquisas.
A reunião rompeu o imobilismo dos partidos políticos que ainda não têm candidaturas definidas à Presidência. A iniciativa, para surpresa geral, foi do DEM, um partido muito engajado no governo federal, no qual se destaca a ministra da Agricultura, deputada Tereza Cristina (MS). A presença de ACM Neto e Mendonça Filho no encontro, ao lado de Mandetta, não somente prestigia a pré-candidatura de Mandetta, como sinaliza o possível desembarque da candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição. O presidente do PV, José Luiz Penna, é um dos principais articuladores da candidatura do ex-ministro.
A presença da deputada Renata Abreu na
reunião foi muito importante. A legenda, hoje, é uma potência no Senado, com
uma bancada de nove senadores. Renata apostou na candidatura do ex-ministro da
Justiça Sergio Moro, que optou pela carreira de consultor de risco na área
jurídica. Com isso, ficou sem candidato para chamar de seu, embora ainda possa
lançar o senador Álvaro Dias, que já concorreu à Presidência na eleição passada.
Situação muito semelhante é a do Cidadania, que apostava na candidatura de
Luciano Huck, que desistiu do projeto eleitoral e será o substituto de Fausto
Silva nas tardes de domingo da TV Globo.
Grandes ausentes
O PSDB é grande interessado nessa articulação, mas não poderá oferecer nenhuma
alternativa antes das prévias da legenda, marcadas para novembro, nas quais o
governador de São Paulo, João Doria, é confrontado pelo governador do Rio do
Grande do Sul, Eduardo Leite; pelo senador Tasso Jereissati (CE); e pelo
ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. Enquanto não escolher seu candidato, o
PSDB terá um papel secundário na articulação, mas é será um fator para que as
negociações prossigam.
Duas legendas mandaram representantes à
reunião, o que sinaliza uma postura de observador. O presidente do MDB, o
deputado Baleia Rossi (PSDB), não foi ao encontro, mas deu declarações apoiando
a articulação. Anunciou que a legenda pretende apresentar um nome próprio como
alternativa. O presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força (SP),
também mandou representante. Conversa, ainda, com o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e com o candidato do PDT, Ciro Gomes, legendas com tradição no
movimento sindical.
Grandes ausências da reunião foram o PDT e Ciro Gomes; e o PSB, que está dividido entre o apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou a uma candidatura de centro. A ausência do PSD também foi significativa. Seu presidente, o ex-prefeito Gilberto Kassab, tem a intenção de lançar um candidato próprio. A legenda havia cortejado o apresentador Luciano Huck, mas agora busca atrair o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para ser candidato ao Planalto. Uma opção prata da casa é Otto Alencar (BA), que vem se destacando na CPI da Covid.
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