Folha de S. Paulo
Mudanças de Freixo mostram que sociedade é
incapaz de falar sobre legalização
O deputado Marcelo Freixo, candidato ao
governo do Rio de Janeiro, disse em entrevista que não defende
mais a legalização
das drogas, nem mesmo da maconha. Freixo era uma das principais
forças políticas a apoiar essa bandeira no país, mas, pelo visto, a disputa
pelo governo o deixou mais pragmático.
Óbvio, como sabemos, é impossível ser eleito para o Executivo no Brasil defendendo a legalização das drogas ou se dizendo ateu. E as duas questões estão de mãos dadas, já que a principal motivação contra a legalização é moral e religiosa. Em recente pesquisa do Datafolha, 83% dos entrevistados acham que as drogas devem ser proibidas e 79% acham que acreditar em Deus torna as pessoas melhores.
A fala de Freixo se direciona
principalmente à população conservadora evangélica, que, a cada eleição, cresce
como grupo capaz de definir disputas eleitorais. Mesmo que o cargo de
governador não tenha poder de legalizar nenhuma droga, a posição sobre o tema
serve como um índice de avaliação moral para o eleitorado, assim como a crença
em Deus.
A fala de Freixo é uma faca de dois gumes.
Pode servir para que sua candidatura se aproxime do eleitorado conservador, mas
pode gerar desconfiança: "Ele mudou de ideia ou está tentando nos enganar
só para ganhar a eleição?". Porém, o pior é ver uma questão tão importante
ser tratada como mera moeda de troca eleitoreira. A sociedade brasileira se
recusa a encarar o problema de frente, sequer debatemos o assunto e, assim,
chafurdamos na ignorância.
Vários países estão revendo suas políticas de drogas. Canadá, México, e diversos estados dos EUA legalizaram a maconha, Portugal descriminalizou as drogas, enquanto o Brasil trata o tema como tabu, cego aos benefícios sociais e econômicos oriundos da legalização ou da descriminalização atestados de forma empírica nesses países e em pesquisas científicas. Como dizia Millôr, "quando uma ideia fica bem velhinha, ela vem morar no Brasil". O proibicionismo é uma dessas ideias.
2 comentários:
A jornalista não mencionou os graves problemas que os países que legalizavam as drogas estão vivenciando. Estive em Portugal por um tempo e pude ver o efeito devastador da legalização das drogas na juventude e na sociedade, isso está se repetindo na Flórida e no Colorado nos Estados Unidos
O tráfico continua e a criminalidade aumenta
No Brasil é proibido e a devastação é a mesma na juventude,legalizando,ao menos,o estado vá faturar com impostos.
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