quinta-feira, 21 de julho de 2016

Corrida eleitoral já começa com acusações

• Convenções confirmaram candidaturas de Pedro Paulo e Freixo; Paes critica adversários, que revidam

Fernanda Krakovics e Marco Grillo - O Globo

A largada das eleições para a Prefeitura do Rio, ontem, com o início das convenções partidárias, foi marcada por troca de acusações, em uma prévia do que deve ser a campanha. Ao defender o deputado federal Pedro Paulo (PMDB), que teve sua candidatura oficializada, como a melhor opção para a cidade, o prefeito Eduardo Paes questionou a capacidade administrativa dos concorrentes. Ele atacou os pré-candidatos do PRB, senador Marcelo Crivella, e da Rede, deputado federal Alessandro Molon, além do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que também teve sua candidatura confirmada.

Ao revidar, Crivella explorou a gravação de conversa telefônica entre Paes e o ex-presidente Lula, na Operação Lava-Jato, na qual o prefeito se solidarizou com o petista e chamou Maricá de “merda de lugar”. Freixo citou dados que mostram desigualdades do Rio e lembrou que o candidato do PMDB é acusado de ter agredido a ex-mulher. Um inquérito no Supremo Tribunal Federal apura o caso. Molon ressaltou que Pedro Paulo e Paes são do mesmo partido do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, acusado de manter contas secretas no exterior.


Em discurso na convenção do PMDB, Paes chamou Pedro Paulo, que foi seu secretário de Governo, de “supergestor” e tentou desqualificar Crivella citando sua ligação familiar com o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal:

— Eleição é comparação, sim. Temos aqui um governo para mostrar, um superser humano, um supergestor. Quem lidera as pesquisas de intenção de voto é um preposto, empregado do bispo Macedo.

Crivella reagiu com ironia e disse que o prefeito “cansou de ir à igreja pedir apoio":

— Não brigo com Eduardo. É o melhor cabo eleitoral que já tive. Se ele me permitisse pedir alguma coisa, seria para ele não deixar de vez em quando de dar uma ligadinha para o Lula.

Pedro Paulo quer apoio de Temer
O prefeito disse ainda que o candidato do PSOL tem ideias “do século retrasado”:

— Estamos discutindo aqui se um rapaz cheio de boas ideias, mas inspirado no mundo do século retrasado, que tem como modelo a Venezuela, onde as pessoas nem comem hoje, se o Freixo será o prefeito desta cidade.

Freixo rebateu, ao ser perguntado: disse que os ataques são “sinais de desespero”:

— Quando se começa a apelar desse jeito é porque se está preocupado com o cenário eleitoral. Não vou cair nessa armadilha de fazer um debate tão tosco e tão baixo. Atrasado é ter uma cidade desigual, é ter um lugar como Acari, em que a expectativa de vida é de 58 anos, enquanto a do do Leblon é de 82. Não é possível que o prefeito ache moderno ter a Rocinha com um dos maiores índices de tuberculose. Atrasado é bater em mulher.

Pedro Paulo fez questão de levar a atual mulher, a mãe e dois filhos na convenção do PMDB.

O prefeito ironizou ainda o pré-candidato da Rede, que, recentemente, deixou o PT.

— Vamos discutir se queremos que governe a cidade um personagem com uma boa aparência. O Molon parece até um comandante de avião, mas não se sabe se o cara sabe pilotar. Não se sabe se é PT ou não, se está com o José Dirceu ou com a Marina Silva — disse Paes, referindose ao ex-dirigente do PT e à presidente da Rede.

Procurado, Molon afirmou que rompeu com o PT por não compactuar com “graves erros” e que foi para a Rede para construir uma política “mais transparente":

— Já Paes e Pedro Paulo continuam no PMDB de Eduardo Cunha, réu criminal no Supremo. Estou pronto para pilotar a prefeitura, fazendo uma gestão eficiente e aberta para a sociedade.

No âmbito político, Pedro Paulo disse esperar o apoio do presidente interino, Michel Temer:

— O presidente Michel Temer é do meu partido, acredito que o país está virando a página da crise política e econômica. É meu desejo que venha para o meu palanque.

Temer tem afirmado que não pretende entrar na campanha municipal para não criar rusgas em sua base.

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