Correio Braziliense
Apareceu a novidade Kamala Harris, com seu
sorriso aberto e o sopro de juventude numa eleição dividida entre dois velhos
com ideias antigas. Ela representa o novo
França e Estados Unidos mantêm um curioso caso de influência política recíproca. Quando os norte-americanos proclamaram a independência das 13 colônias da Inglaterra, em 1776, seguiu-se uma guerra que durou até 1781. O governo francês auxiliou os rebeldes da América com navios de guerra, munições e soldados. A independência da antiga colônia inglesa se antecipou e assimilou os princípios políticos da repartição do poder que seriam consolidados na Revolução Francesa de 1789. Os laços entre os dois países são antigos e tradicionais, tanto que Alexis de Tocqueville, francês, escreveu, no início do século 19, seu célebre A democracia na América.
Essas lembranças vêm a propósito da
antecipação das eleições gerais na França. Foi a decisão de Emmanuel Macron
para unir grupos contra a extrema direita, que aparecia nas pesquisas como
favorita para vencer o pleito. Alcançou seu objetivo. A extrema-direita foi
derrotada. Os norte-americanos replicaram o movimento francês. Joe Biden, o
presidente cujo prestígio eleitoral estava em baixa, fez o grande gesto:
anunciou sua retirada da corrida eleitoral para impedir a ascensão da
extremadireita e abrir caminho para novas ideias. O novo caminho tem nome:
Kamala Harris.
A vice-presidente, de 59 anos, tem currículo
brilhante. Com bacharelado em artes na Howard University, instituição de ensino
destinada à educação de negros, situada em Washington DC, e direito na
Faculdade Hastings, UCLA, é filha de migrantes, mãe nascida na Índia e pai
jamaicano. Foi promotora de justiça na cidade de San Francisco,
procuradora-geral da Califórnia, senadora por aquele estado e vice-presidente
no governo Biden. Discreta, passou os últimos anos calada, com a preocupação de
sempre ocupar o fundo da cena quando o presidente estava em primeiro plano.
Esperou o seu momento. Ele chegou de repente. E, no espaço de poucos dias, ela
conseguiu o feito de bater todos os recordes de arrecadação de fundos. Mais de
100 milhões de dólares.
A incrível reviravolta na eleição
norte-americana aconteceu no espaço de uma semana, após o atentado contra o
candidato Donald Trump e depois de ele ter sido entronizado como candidato
oficial dos republicanos ao poder. A fatura parecia liquidada. Mas o inesperado
fez uma falseta. Apareceu a novidade Kamala Harris, com seu sorriso aberto e o
sopro de juventude numa eleição dividida entre dois velhos com ideias antigas.
Ela representa o novo, por ser filha de migrantes. Nada mais surpreendente por
ser completamente diferente da matriz original norte-americana, que é o modelo
branco, protestante e anglo-saxão. Negra, casada com advogado bem-sucedido na
profissão, adotou os filhos do primeiro casamento do marido.
Salvo o fato novo e o inesperado, a campanha
vai correr nos trilhos até novembro, quando os norte-americanos forem às urnas.
Os democratas que estavam fora do jogo voltaram à competição. Passaram a ter
chances reais. Trump, contudo, não está derrotado. Ele é um pilantra, capaz das
maiores vilanias, mas sabe lidar com a imprensa e se projetar de maneira a
impressionar o eleitorado. Kamala Harris conhece as artes do debate. Já disse
que, por sua experiência na área criminal, conhece tipos como Trump. Completou
afirmando que 'nós queremos proibir armas, eles, livros'. Os norte-americanos
votam por suas causas e ideias. O americano médio vota com pensamento no
emprego, na inflação, na assistência médica e na poupança necessária para
mandar o filho para universidade.
A expectativa na Europa é imensa por causa da
guerra na Ucrânia. Ninguém entendeu até agora o brutal erro estratégico de
Vladimir Putin ao invadir o país vizinho. Ele esperava vencer em algumas
semanas. Já se passaram dois anos e os conflitos estão estacionados na
fronteira. Analistas ingleses dizem que os russos estão com dificuldades de
repor equipamento bélico e munições. Eles, segundo aquelas fontes, perderam
mais de 4.500 tanques de guerra. O próximo passo deve ser algum tipo de
armistício ou o aprofundamento do conflito. A força aérea norte-americana
enviou dois B-52, bombardeiros capazes de lançar bombas atômicas, para uma base
na Romênia, distante menos de 100 quilômetros do teatro da guerra.
No Brasil, os bolsonaristas estão em alerta.
A eventual vitória de Trump significa melhores possibilidades para a extrema
direita vencer a eleição no país. A campanha de Kamala Harris vai jogar a
questão da idade para o candidato republicano. Trump, agora, é o velho que
concorre contra o novo. Lula, se concorrer a um novo mandato, terá em 2026 a
mesma idade que Biden tem hoje, 81 anos. O argumento do velho, senil e inapto
para o cargo poderá ser utilizado contra ele, como o foi contra o saudoso
Ulysses Guimarães, na eleição de 1989.
3 comentários:
O que nós vimos recentemente nos Estados Unidos foi um golpe interno feito para tirar o presidente na marra da candidatura a reeleição , quando foi revelada a sua incapacidade mental, coisa que todos sabíamos e era escondido pela cúpula democrata e pela imprensa, mas uma vez revelada em debate Televisionado trataram de arrancar rapidamente o Biden numa pressão Covarde e colocar a Kamala Harry que tem um passado nebuloso , e extremista esquerdista é a pior candidata que eles poderiam ter oferecido, e isso só vai ajudar a pavimentar a vitória do Trump , para bem do povo americano e das Nações democráticas livres
O artigo é bom,apesar do etarismo gritante!
Da Venezuela o colunista se omite, né?????
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