Ex-deputado diz que sua urgência agora é afastar fantasma de ex-presidente
Júnia Gama
BRASÍLIA - Após quase um ano cuidando de sua saúde, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), cassado, voltou aos bastidores da política para comandar uma articulação no PTB contra o movimento "volta, Lula". Os dois se tornaram desafetos desde que Jefferson, condenado no julgamento do mensalão, delatou o esquema de compra de votos por parte do governo Lula. O PTB é, até o momento, o único partido governista pacificado em torno da reeleição da presidente Dilma Rousseff, segundo garantem seus dirigentes.
Jefferson, que virtualmente ainda controla a legenda, esteve ontem em Brasília participando de evento da juventude do partido e de reuniões com a cúpula do PTB. Recuperados os 13kg que havia perdido durante o tratamento contra um câncer e liberado por seu médico para viajar, Jefferson disse a interlocutores que, se Lula voltar, "zera o jogo" da parceria com o PT.
Afirmou que a briga com Lula foi total e questiona quem seriam os interlocutores no caso da volta do ex-presidente. Cita o ex-ministro e também condenado no julgamento do mensalão José Dirceu e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, como figuras com as quais não haveria diálogo possível com o PTB.
O presidente do PTB, Benito Gama, que ganhou recentemente a vice-presidência de governo do Banco do Brasil, nega que o partido esteja mantendo conversas com outros potenciais candidatos. Afirma que as conversas que manteve com o governador petista Jaques Wagner (BA) e com o ministro Aloizio Mercadante (Educação) serviram para consolidar o apoio à reeleição da presidente Dilma:
- Conversamos uma vez com o Eduardo Campos, que fica no meio do caminho, e com o Aécio (Neves), mas não houve compromisso de manter essas conversas. O mais distante para o PTB hoje seria José Serra. Ele significa a ruptura total, e o PTB quer ficar no governo. Mas, se acontecer mesmo de o Lula voltar, as conversas teriam de começar novamente. Com ele, não há nada fechado.
Nas conversas com colegas, Jefferson disse que os únicos sinais de dissidência no PTB são localizados, justamente em Pernambuco e em Minas. A sua urgência, no momento, é afastar o fantasma de Lula, repetiu ontem várias vezes.
Fonte: O Globo
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