• Em meio ao início da discussão do processo de impeachment de Dilma, ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, encaminhou à Casa Civil carta em que entregou o cargo
Erich Decat, Vera Rosa, Isadora Peron e Ricardo Brito - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Um dos principais aliados do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB), encaminhou à Casa Civil da Presidência da República carta com seu pedido de demissão do cargo. Pela manhã, ele avisou a correligionários que deixaria o governo. A decisão ocorre em meio ao início da discussão do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Congresso e foi interpretada no Palácio do Planalto como o primeiro passo para o descolamento do vice e o desembarque do PMDB da equipe.
Segundo relatos, Padilha tentou se reunir com a presidente nesta quinta-feira, 3, mas não teve êxito. A conversa deve ocorrer na próxima segunda-feira, 7. Nesta sexta, Padilha permaneceu no Rio Grande do Sul, seu Estado de origem, sem compromissos públicos. Um posicionamento oficial por parte dele deve ocorrer apenas após a conversa com a presidente.
Padilha é um dos principais aliados do Temer e foi braço direito do vice-presidente no período em que o peemedebista assumiu no primeiro semestre a condução da articulação política do governo. A saída de Padilha do governo neste momento em que Dilma necessita de apoio dos aliados na condução do processo de impedimento demonstra, para integrantes da cúpula do PMDB no Congresso, que o grupo de Temer opera pelo afastamento da petista.
Também tem chamado a atenção dos parlamentares da legenda pró-Dilma o fato de, até o momento, o vice-presidente não ter dado declarações públicas contra o impeachment e preferido se resguardar sobre o tema.
Outro aliado próximo de Temer, o ex-ministro Moreira Franco (PMDB), afirmou nesta sexta ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que a decisão do ministro de Padilha pode ser seguida por outros integrantes do primeiro escalão do partido. "É evidente que toda atitude dessa natureza é uma referência, define rumos e impacto nos outros", disse. Segundo ele, Padilha entregou sua carta de demissão ao Planalto após, segundo ele, terem atribuído a Temer declarações de que ele respaldaria Dilma na defesa contra o impeachment.
Em meio ao desembarque de Eliseu Padilha, outros ministros ligados a Temer, como o do Turismo, Henrique Eduardo Alves, também têm sido constrangidos a tomar o mesmo caminho.
“Amigo@HenriqueEAlves,agora é hora de gente q construiu toda sua bela hist noPMDB,ñ permitir q constranjam nosso partido Viva Eliseu Padilha”, postou Geddel Vieira Lima, integrante da Executiva Nacional do PMDB, no seu perfil do Twitter.
Planalto. O ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, disse confiar no empenho de Michel Temer no trabalho de reunificação do PMDB e tentou pôr panos quentes na nova crise política. "Eu penso que a maior liderança do PMDB é o vice-presidente Michel Temer e ele vai trabalhar para unificar o partido, que, depois do PT, é o que tem maior número de ministérios e possui papel fundamental na governabilidade", afirmou o ministro da Comunicação Social ao Estado. Atualmente, o PMDB comanda 7 dos 31 ministérios.
O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), também afirmou, nesta sexta-feira, que a saída de Padilha foi uma movimentação individual e não partidária. "Um ou outro militante de qualquer partido pode tomar a decisão que quiser, mas não entendo como uma decisão partidária, portanto respeito mas vamos tratar com o PMDB", disse Sibá.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) também minimizou a saída de Padilha do ministério. O petista disse conhecer bem Temer e que duvida que ele entre no "barco furado" que a seu ver é o processo de impeachment contra a presidente. "Conheço há muitos anos o vice-presidente Michel Temer, ele é um homem com enorme experiência política e ele não entra em barco furado. Esse processo de impeachment é um barco furado. Sabemos que ele não entrará e o próprio PMDB, pelo seu líder (Leonardo Piccianii), já disse que não defende o impeachment", disse. / Com reportagens de Ricardo Galhardo e Ana Fernandes
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