• A melhor solução, segundo a ex-candidata à presidência, é que TSE casse tanto Dilma quanto o vice Michel Temer, o que abriria caminho para uma nova eleição
Candidata derrota à Presidência em 2014, a ex-ministra Marina Silva, fundadora da Rede Sustentabilidade, disse ao Estado que o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff acolhido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não tem elementos suficientes para justificar o afastamento. " O processo já está contaminado pela acusação de chantagem por parte do governo", diz. A melhor solução, segundo ela, é que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) casse tanto Dilma quanto o vice presidente Michel Temer (PMDB), o que abriria caminho para uma nova eleição.
Estado - A sra. defende o pedido de impeachment que foi acolhido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha?
Marina Silva - A Rede vai participar da Comissão (do impeachment) com total isenção e autonomia e vai firmar suas convicções no âmbito do processo. Nós apoiamos totalmente as investigações. Entendemos que a Operação Lava Jato está desmontando um caso de corrupção que tem na sua origem os partidos que compõem o governo: o PT, PMDB e PP. O pedido de impeachment não é golpe. Está previsto na Constituição.
O teor do pedido de impeachment que foi acolhido é público. Ele tem fundamentos para o impeachment?
Marina - A Rede compreende que é insuficiente. O processo já está contaminado pela acusação de chantagem por parte do governo, do vice-presidente e pela tentativa de barganha da oposição. Ambos queriam blindar o Cunha. Entendemos que a melhor coisa a se fazer é dar sustentação ao julgamento da ação de impugnação de mandato eletivo movida contra a chapa que está no TSE. Esse é o caminho que tira o espaço da chantagem e da barganha. Os partidos da presidente e do vice estão envolvidos. Não podemos achar que a substituição de uma cara da mesma moeda é a solução para o problema.
Defende que o recesso parlamentar seja adiado?
Marina - Minha posição pessoal é que não se pode protelar indefinidamente uma coisa com essa complexidade.
Deputados da Rede na Câmara dizem que o partido votará contra o pedido...
Marina - Vamos participar do debate com independência. Estamos abertos a formar uma convicção considerando todos os elementos do debate. Mas a pilastra mais importante para orientar nosso voto será a Constituição. Não vamos arredar um mílimetro da Constituição. Os elementos que ali estão ainda são insuficientes. Não caracterizam o envolvimento direto da presidente.
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