O Globo
O PSDB escolhe no domingo o seu candidato à
Presidência. Pelo que sugerem as pesquisas, o vencedor deve conquistar o
direito de perder a eleição de 2022. Fora da bolha tucana, João Doria e Eduardo
Leite exibem desempenho de nanicos. Oscilam entre 2% e 4% das intenções de
voto.
Durante 20 anos, PSDB e PT polarizaram a
política brasileira. Os tucanos venceram duas corridas presidenciais e chegaram
ao segundo turno em outras quatro. Na oposição ao petismo, caminharam para a
direita e apostaram na retórica moralista. Esse discurso foi pelos ares quando
Aécio Neves pediu R$ 2 milhões ao dono da JBS.
O declínio do PSDB se agravou com a ascensão de Jair Bolsonaro. O capitão roubou a bandeira do antipetismo e a preferência da elite econômica. Traído pelo próprio partido, Geraldo Alckmin recebeu míseros 4% dos votos em 2018. Ao fim da campanha, precisou pedir emprego no programa do Ronnie Von.
Massacrado nas urnas, o PSDB perdeu o rumo
e a identidade. Sua bancada federal virou um apêndice do Centrão. Vota com o
governo em troca de cargos e emendas. Doria e Leite, que surfaram a onda
bolsonarista, agora dizem fazer oposição. Mas não conseguem explicar por que
demoraram tanto a notar os defeitos do presidente.
As prévias serão lembradas por momentos
pitorescos. Em outubro, Doria causou constrangimento ao perguntar, no interior
da Paraíba, se alguém na plateia já tinha viajado para Dubai. Nesta semana, um
vereador conhecido como Cabelinho divulgou vídeo em que ensina a fraudar a
eleição interna.
Os tucanos dizem que a disputa marca uma
evolução da sigla, que costumava escolher candidatos em restaurantes estrelados
dos Jardins. No entanto o processo virou uma guerra fratricida, em que os
favoritos trocam acusações de oportunismo e uso da máquina.
O vencedor das prévias não terá vida fácil.
A começar pela concorrência de Moro, nova aposta de empresários e banqueiros
desiludidos com o PSDB. Se Doria for o escolhido, seu ex-padrinho Alckmin deve
liderar uma revoada do ninho tucano. No caso de Leite, o risco é ganhar e não
levar. Para derrotar o rival paulista, o gaúcho se associou aos
correligionários mineiros. E Aécio já avisou que o “patriotismo” pode
convencê-los a apoiar um presidenciável de outra legenda.
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