Senador e pré-candidato tucano à Presidência participa hoje das comemorações do Dia do Trabalho da Força Sindical, em São Paulo, engrossando as críticas ao governo petista
Marcelo da Fonseca
De olho no apoio dos sindicatos de trabalhadores para a disputa presidencial de 2014 e na tentativa de aprofundar suas relações com lideranças paulistas, o senador e pré-candidato tucano ao Palácio do Planalto Aécio Neves (PSDB) participa hoje em São Paulo de megaevento em comemoração ao Dia do Trabalho, organizado pela Força Sindical. Além de avançar em um setor que é tradicionalmente ligado ao PT, o tucano aproveita o palanque na capital paulista para reforçar seu nome como o mais competitivo da legenda, exatamente na cidade onde enfrenta maior resistência dentro do próprio PSDB. Será a terceira passagem de Aécio por São Paulo em 40 dias.
Os grupos sindicais que se reúnem hoje prometem elevar o tom nas cobranças ao governo federal, pedindo mais apoio para bandeiras defendidas pelas centrais. "Será um dia de festa e de mobilização", avisou o deputado Paulinho da Força Sindical (PDT), apontando como principais demandas o fim do fator previdenciário, a jornada de 40 horas semanais sem redução de salários e a ampliação de investimentos públicos em vários setores do país. Em outro evento organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), que também acontece na capital paulista, a promessa também é de cobrança por respostas do Planalto em relação às demandas dos sindicatos.
Na comemoração marcada para as 11h, o senador mineiro estará acompanhado de outra possível candidata à Presidência, a ex-senadora Marina Silva, que busca a criação do partido Rede para assegurar seu espaço na disputa. Também marcarão presença o governador de São Paulo, Geraldo Alckimin (PSDB), o ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT), e o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, representando o governo federal. Já o governador de Pernambuco e também presidenciável, Eduardo Campos (PSB), desmarcou sua presença no evento.
Aparelho As investidas tucanas para ganhar força entre os sindicatos começaram em agosto de 2011, quando a legenda criou seu braço no movimento, filiando 93 sindicalistas ao partido. Com duras críticas ao modelo que seria usado pelo PT para aparelhar o movimentos de trabalhadores e à dependência que se impôs sobre esses grupos, o PSDB de Minas deu o primeiro passo para a aliança com a Força Sindical – opositora da CUT.
Segundo o presidente estadual do PSDB, deputado Marcus Pestana, desde o surgimento da social-democracia na Europa existiu uma ligação muito próxima ao movimento social, que propunha uma união dos trabalhadores para humanizar o capitalismo. No entanto, no Brasil o PSDB, apesar de nascer com ideário democrata, teve uma formação inicial com quadros intelectuais, sem uma base social que correspondesse à história da social-democracia.
"Nós percebemos claramente que era preciso ter canais com diversos segmentos da sociedade. Entre os segmentos que conseguimos fortalecer com o passar do tempo está o movimento sindical", avalia Pestana. O tucano afirma que a relação proposta pela legenda aos grupos sindicais é bastante diferente da que vem sendo colocada em prática pelo PT, uma vez que não pretende partidarizar os movimentos. "O PSDB não pretende ter agentes do partido aparelhando as entidades e tirando sua autonomia em relação às cobranças feitas contra o governo", alfinetou.
Para o cientista político Gaudêncio Torquato, a estratégia de aproximação adotada nos últimos anos pelo PSDB para se unir às centrais poderá representar ganhos significativos para repercussão das críticas feitas à atual administração. No entanto, será preciso demonstrar na prática que a defesa de algumas bandeiras trabalhistas vão ser respeitadas, caso contrário a tática tucana pode não engrenar.
"A tentativa de cooptar sindicatos, principalmente aqueles que se opõem à CUT, busca popularizar um partido que sempre foi considerado de elite. E ter ao lado setores organizados que fazem barulho, que colocam a massa na rua, pode ser fundamental na disputa eleitoral. Mas a questão não é só atrair esses grupos, será preciso incorporar o discurso sindical, defender suas propostas. E nesse caso podem ter bandeiras conflitantes entre sindicais e tucanos", avalia Gaudêncio.
Fonte: Estado de Minas
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