Bruno Araújo pede demissão e é o primeiro tucano a deixar o governo e mm ei oàgrav ecrise que atinge o partido
Carla Araújo Tânia Monteiro Vera Rosa / O Estado de S. Paulo.
BRASÍLIA - O ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), foi o primeiro tucano a deixar o governo Michel Temer após a grave crise que atinge o partido desde a destituição de Tasso Jereissati do comando da sigla na semana passada. A saída de Araújo deve abrir caminho para que o PSDB deixe definitivamente a base de apoio a Temer, o que obriga o presidente a antecipar a reforma ministerial. Araújo pediu demissão pouco antes de participar de cerimônia, no Palácio do Planalto, preparada para ser uma “agenda positiva” do governo. Em carta dirigida ao presidente, que foi pego de surpresa, Araújo mencionou indiretamente o racha interno do PSDB. Disse que não tinha mais o aval do partido para continuar à frente da pasta. “Agradeço a confiança do meu partido, no qual exerci toda a minha vida pública, e já não há mais nele apoio no tamanho que permita seguir nessa tarefa”, escreveu. Horas depois, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência divulgou nota confirmando que “o presidente dará início agora a uma reforma ministerial que estará concluída até meados de dezembro”. A saída do ministro das Cidades – uma das pastas mais cobiçadas da Esplanada, por causa de seu orçamento – escancara a crise na coalizão governista. O PSDB ainda controla três ministérios: Secretaria de Governo (Antonio Imbassahy), Relações Exteriores (Aloysio Nunes Ferreira ) e Direitos Humanos (Luislinda Valois).
PSDB inicia desembarque e acelera reforma ministerial
O ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), pediu demissão do cargo ontem, pouco antes de participar de uma cerimônia, no Palácio do Planalto, preparada para ser uma “agenda positiva” do governo. O movimento do primeiro tucano a deixar a equipe deflagrou a reforma ministerial planejada pelo presidente Michel Temer para obter apoio político no Congresso e conseguir aprovar as mudanças na Previdência.
Em carta dirigida a Temer, que foi pego de surpresa, Araújo mencionou indiretamente o racha interno vivido pelo PSDB. Disse que não tinha mais o aval do partido para continuar no comando da pasta. “Agradeço a confiança do meu partido, no qual exerci toda a minha vida pública, e já não há mais nele apoio no tamanho que permita seguir nessa tarefa”, escreveu.
Quatro horas depois, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência divulgou nota confirmando que “o presidente dará início agora a uma reforma ministerial que estará concluída até meados de dezembro”.
Araújo conversou com Temer pouco antes de acompanhá-lo na entrega do Cartão Reforma. Já estava demissionário quando participou da cerimônia. Moradores de Caruaru, em Pernambuco – reduto eleitoral do ex-ministro – receberam o cartão. Ali, o tucano chegou a usar verbos no passado sobre o período em que comandou a pasta das Cidades, mas ninguém na plateia percebeu que ele estava de malas prontas para deixar a Esplanada.
Deputado licenciado, Araújo disse ao Estado que não havia mais “clima” para permanecer no ministério porque o PSDB não lhe dava respaldo para isso. “Agora, vou me dedicar a trabalhar pela unidade do PSDB”, afirmou ele, que não quis confirmar se será candidato ao governo de Pernambuco, em 2018. “Vou retomar o meu mandato na Câmara e construir alianças para o ano que vem.”
A saída do ministro das Cidades – uma das pastas mais cobiçadas da Esplanada – escancara a crise na coalizão governista. O Centrão pressiona Temer para tirar todos os tucanos do primeiro escalão, se quiser aprovar a reforma da Previdência. Formado por partidos como PP, PR, PSD e PTB, o bloco ameaça paralisar outras votações na Câmara, caso não seja atendido.
Sem Cidades, o PSDB ainda tem três ministérios (Secretaria de Governo, Relações Exteriores e Direitos Humanos). A tendência é de que a pasta antes ocupada por Araújo seja entregue ao PP (mais informações na pág. A6), justamente o partido que mais fez ameaças a Temer.
Cota. No Planalto, auxiliares de Temer afirmam que a ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois, também deve deixar o cargo. Ela esteve ontem com o presidente em evento no Rio. Temer pretende manter, em sua cota pessoal, o chanceler Aloysio Nunes Ferreira – que será candidato à reeleição ao Senado – e Antônio Imbassahy, titular da Secretaria de Governo. Mas Imbassahy deve ser deslocado para outra pasta, porque o Centrão cobra mudança na articulação política do Planalto com o Congresso.
Dos atuais 28 ministros, pelo menos 17 pretendem disputar as eleições de 2018 e terão de deixar os cargos até abril. A intenção do presidente, porém, é de que os candidatos saiam ainda neste ano para que os novos já assumam com o orçamento de 2018. “Todos os ministros que forem disputar as eleições estarão sujeitos à reforma até dezembro”, afirmou o deputado Baleia Rossi (SP), líder do PMDB na Câmara, que esteve ontem com Temer. O presidente já marcou uma série de reuniões para tratar do assunto.
O presidente também não quer ficar a reboque do PSDB, que em 9 de dezembro fará convenção e deve anunciar o rompimento com o governo. O presidente licenciado do partido, senador Aécio Neves (MG), admitiu no sábado que os tucanos deixarão o Executivo. “Vamos sair do governo pela porta da frente, da mesma forma que entramos”, disse. Temer vai aproveitar a demissão de Araújo para começar a fazer as trocas na equipe.
Colaborou Igor Gadelha
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