Josué Alencar, filho de vice de Lula, tem sido pressionado a não aceitar convite
Daniel Carvalho, Marina Dias | Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O suspense promovido pelo empresário Josué Alencar (PR)sobre aceitar ou não o convite para ser vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB) fez com que aliados do tucano divergissem quanto às opções de plano B antes mesmo de o mineiro bater o martelo sobre sua decisão.
Os três nomes defendidos por integrantes do PSDB e departidos do centrão —DEM, PP, PR, SD e PRB— são os do deputado Mendonça Filho (DEM-PE), da senadora Ana Amélia (PP-RS) e do ex-ministro Aldo Rebelo (SD-SP).
Os dois primeiros estão em pré-campanha para disputar o Senado e o último havia sido lançado pré-candidato à Presidência da República.
Em conversa com Alckmin, sobre sua disposição de compor a chapa para a sucessão de Michel Temer, Josué mostrou-se reticente.
Afirmou que somaria pouco à campanha e deixou o tucano "à vontade" para escolher outro nome.
Na noite de segunda, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Alckmin foi evasivo ao tratar do tema.
“Se ele [Josué Alencar] for o nome, ótimo. Se não, vamos escolher juntos, essa é uma construção que vai ser feita ainda”, afirmou o ex-governador de São Paulo.
Pessoas que conversaram com Josué nesta terça disseram que o empresário mineiro tem sido pressionado por familiares e integrantes do PT, a quem é ligado, a não ingressar na chapa tucana. Morto em 2011, José Alencar, pai de Josué, foi vice-presidente durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva.
A ligação familiar histórica também fez com que uma possível composição entre Josué e o candidato do PT ao Planalto —que será lançado caso Lula seja impedido de concorrer— fosse cogitada por petistas.
Lula foi o principal fiador da filiação de Josué ao PR e era simpático à ideia de que ele fosse seu candidato a vice, caso conseguisse disputar a Presidência da República.
Preso há mais de três meses em Curitiba, o ex-presidente insiste no discurso de que será candidato, mas o partido já busca um nome de vice mais alinhado à esquerda para suprir uma eventual ausência do próprio Lula na chapa.
Quando Josué deu os primeiros indícios de que poderia não compor com Alckmin, lideranças do centrão se mobilizaram para tentar convencê-lo a mudar de ideia.
Em outra frente, porém, começaram a trabalhar internamente algumas possibilidades para ocupar a vaga.
O bloco reúne-se com Alckmin nesta quarta-feira (25) e pretende anunciar oficialmente o apoio ao tucano na quinta (26).
Com a aliança, que inclui ainda PSD, PTB, PPS e PV, o pré-candidato terá cerca de 40% de todo o tempo da campanha eleitoral na TV, a partir de 31 de agosto.
Ex-ministro da Educação do governo Michel Temer, o deputado Mendonça Filho é hoje o nome mais palatável para a maioria do grupo.
Entusiasta de Alckmin, ele foi um dos que trabalhou dentro de seu partido contra o apoio do centrão a Ciro Gomes (PDT-CE), possibilidade que existia até a semana passada.
No entanto, o DEM está priorizando a garantia de apoio à reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara dos Deputados e, dessa forma, poderia abrir mão do cargo no Planalto.
Ana Amélia, outra possibilidade que surgiu na bolsa de apostas, disse à Folha que pretende continuar trabalhando por sua recondução ao Senado e não se mostrou disposta a aceitar um eventual convite para ser a vice de Alckmin.
"O vice tem um papel relevante na história recente do nosso país. Independente de reconhecer essa relevância, continuo focada na questão da reeleição ao Senado”, afirmou a parlamentar gaúcha.
Já Aldo Rebelo, nome defendido pelo presidente de seu partido, o deputado Paulinho da Força (SD-SP), não conta com a simpatia de todo o PSDB. Uma ala da legenda o considera muito à esquerda. Rebelo já foi filiado ao PC do B.
Alckmin e o centrão ainda esperam uma decisão de Josué. Alegando mau tempo, o pré-candidato tucano cancelou agenda que teria na noite desta terça em Caxias do Sul (RS) e ficou em São Paulo. Nesta quarta, o ex-governador paulista passará o dia em Brasília em conversas com aliados.
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