- Folha de S. Paulo
PF precisa investigar pagamentos do bispo Edir Macedo a chefe da Secom
A Comissão de Ética da Presidência da República liberou o chefe da comunicação do governo Jair Bolsonaro para receber dinheiro, por negócios privados, de emissoras de TVs e agências publicidade que são contratadas pela própria secretaria comandada por Fabio Wajngarten.
Mesmo diante de evidente conflito de interesses, o colegiado arquivou a denúncia, sem investigar.
Sabe-se agora que entre os clientes da empresa da qual Wajngarten detém 95% das cotas está a Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo —dono da TV Record, também freguesa do chefe da Secom. Sabe-se ainda que, depois de nomeado para o cargo no governo, o secretário obteve um aumento de 36% nos ganhos mensais da igreja por meio de um aditivo.
O contrato com a Universal foi informado pela defesa de Wajngarten no dia do julgamento na comissão, que fechou os olhos para o fato.
Em 2019, mais de um terço do faturamento mensal da FW Comunicação proveio dos préstimos ao bispo. Sua emissora está entre as mais bem aquinhoadas com verbas federais desde que o bolsonarismo instalou-se no Palácio do Planalto. Tanto prestígio também se reflete na agenda do presidente e do secretário —ele viajou a Israel para participar de um evento da Record em maio do ano passado; Bolsonaro já foi abençoado por Edir Macedo no Templo de Salomão (SP).
A Iurd afirma que os serviços foram prestados pela FW e que o reajuste faz parte de cláusula contratual. Para Wajngarten, contratos, valores e datas revelados pela Folha são informações sigilosas descontextualizadas. O secretário diz haver uma campanha persecutória em curso.
Se acredita ser vítima de uma cruzada, por que o secretário chegou a propor à Comissão de Ética deixar a condição de sócio da FW, transferindo suas cotas na sociedade para a mulher? —hipótese que o colegiado dispensou solenemente.
Caberá agora ao Ministério Público, à Polícia Federal e ao TCU investigar o jetom da Universal.
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