O Estado de S. Paulo (2.9.22)
Setembro chegou e Bolsonaro vai botar navios e aviões na campanha e ‘canhões’ contra Lula
Com sua obsessão em transformar o 7 de
Setembro e o bicentenário da República nos maiores espetáculos da Terra e da
sua campanha à reeleição, Jair Bolsonaro criou um problemão para a prefeitura
do Rio e uma saia-justa para as Forças Armadas, particularmente o Exército. Mas
não foi só isso. Mais uma vez, gerou enorme constrangimento para países amigos
do Brasil.
As forças navais do Brasil e de 18 outros
países das Américas estão no País para participar da Operação Unitas, exercício
conjunto que vem desde 1960 e, neste ano, justamente ano eleitoral, ocorre no
Brasil, a partir do Rio. E agora? Os países discutem nos bastidores se vão ou
não reforçar o bicentenário da independência brasileira, o que corresponde a
dar mais visibilidade à campanha de Bolsonaro.
São 5,5 mil militares, 20 navios de guerra, um submarino e 21 aeronaves que fazem a alegria das famílias e serão chamariz para a campanha. A operação começa oficialmente no dia seguinte, mas muitos países participarão do 7 de Setembro/bicentenário e um dos mais importantes, senão o mais, os EUA, faz suspense. “Duvido que isso mude a opinião do eleitor que não decidiu em quem votar”, diz um diplomata de um dos 18 países.
O problema são os países amigos serem
usados grosseiramente não para manobras militares, mas para manobras
eleitoreiras de um presidente que já convidou embaixadores estrangeiros para
servir de figurantes naquela cena lamentável em que ele achincalhou o sistema
eleitoral, o TSE e ministros do STF, ao vivo e em cores. Navios e aviões
estrangeiros serão, certamente, um chamariz para o ato de campanha
bolsonarista.
Nas Forças Armadas brasileiras, imagine-se
o espanto quando o presidente se dispôs a exigir que a parada do 7 de Setembro
seja na Praia de Copacabana. O jeito para nem desobedecer a Bolsonaro nem
cumprir ordem absurda foi cancelar a parada no centro e quebrar um galho em
Copacabana.
Setembro chegou com Bolsonaro atrás nas
pesquisas, acossado pela compra de 107 imóveis por familiares, 51 deles em
dinheiro vivo. Para tentar confundir a galera, diz que a maioria dos imóveis
era do ex-cunhado, mas eram só oito, dentro do esquema. E alegou que “moeda
corrente não é dinheiro vivo”, mas, sim, a moeda do País, atualmente, o real.
Ah, sei!
Como Bolsonaro torrou todos os cartuchos e
não atingiu o alvo – encostar ou superar Lula (PT) –, ele vai partir para a
ignorância. Exigir um 7 de Setembro e um bicentenário da independência em
Copacabana é parte disso. Tem mais: os canhões de fake news estão voltados para
o favorito nas pesquisas. Mas Lula ganhou munição numa áreachave: a corrupção.
4 comentários:
Manobras eleitoreiras, a especialidade de Bolsonaro e dos seus cúmplices! Ótimo artigo da jornalista! Parabéns a ela e ao blog que está divulgando o trabalho dela! Uma boa leitura antes do feriado da Independência do nosso país.
Corrupção é o mal brasileiro sem cura.
É muito triste ver os brasileiros tão desesperados com a insensibilidade deste governo, que só lembra deles perto da eleição. Um presidente debochado e mal-educado, que não respeita as mulheres e nem os doentes. Bolsonaro certamente não é humano.
Mal educado? Põe brutamontes nisso. Um brucutu perfeito.
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