sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Vera Rosa - Planalto vê impacto nas eleições

O Estado de S. Paulo

Na prática, aliados de Ricardo Nunes tentarão fazer ex-presidente desistir de indicar vice em chapa

Ministros do governo Luiz Inácio Lula da Silva avaliam que as investigações têm potencial para provocar impacto nas eleições municipais, principalmente em São Paulo e Rio. A percepção no Planalto é a de que Jair Bolsonaro vai se tornar um cabo eleitoral tóxico, caso não seja preso antes.

Candidato a novo mandato, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), tem o apoio do ex-presidente e de seu partido, o PL. Mas, após a prisão de Valdemar Costa Neto e das investigações da Polícia Federal, a campanha de Nunes entrou em estado de alerta máximo. O prefeito quer, é claro, os votos de eleitores de Bolsonaro. A equação a ser resolvida agora é: como fazer para evitar o desgaste e se descolar da imagem dele? Na prática, aliados de Nunes tentarão fazer o ex-presidente desistir de indicar o vice na chapa.

No diagnóstico do Planalto, a crise favorece Guilherme Boulos (PSOL), que tem Marta Suplicy, agora de volta ao PT, como candidata a vice. Marta deixou o cargo de secretária de Relações Internacionais da Prefeitura há um mês para fazer aliança com Boulos, a pedido do presidente Lula. Ao contrário do que faz Nunes, a dobradinha Boulos-Marta trabalha para “nacionalizar” a disputa.

A candidatura do deputado Alexandre Ramagem (PLRJ) à Prefeitura do Rio também sofrerá abalos e, na visão de auxiliares do presidente Lula, pode nem mesmo sair do papel. Ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ramagem é alvo de investigação da PF sob suspeita de fazer uso de um software para monitorar adversários de Bolsonaro e ministros do Supremo. O inquérito também envolve o vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente e coordenador do chamado “gabinete do ódio”.

No Planalto, ministros lembram que, antes de Ramagem, Bolsonaro havia lançado a pré-candidatura de Braga Netto à prefeitura do Rio, mas foi obrigado a recuar diante das investigações que põem o general como um dos principais líderes do plano para solapar a democracia. Braga Netto foi ministro da Casa Civil, da Defesa e candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022. Ontem, a PF executou ações de busca e apreensão em endereços do general.

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