Ex-governador tenta desfazer mal-estar criado por silêncio na crise do PSDB
Nova legenda criada por Kassab, afilhado de Serra, provocou dezenas de baixas nos partidos da oposição
Daniela Lima e Vera Magalhães
SÃO PAULO - O ex-governador José Serra procurou seu sucessor, Geraldo Alckmin, e outros líderes do PSDB para desmentir que seja o idealizador da debandada tucana rumo ao PSD de Gilberto Kassab.
Serra se queixou do que considera uma tentativa de desgastá-lo no partido, proveniente, segundo sua avaliação, de pessoas próximas ao governador.
O encontro ocorreu na noite de anteontem, no Palácio dos Bandeirantes. Antes, o ex-governador havia falado por telefone com o presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE), e com outros dirigentes tucanos.
Segundo relatos obtidos pela Folha, Serra disse a todos que não se envolveu com a criação do PSD. Afirmou que tentou dissuadir Kassab, seu aliado, da ideia de deixar o DEM e criar a nova sigla.
O ex-governador fez um diagnóstico de que o PSD vai se aproximar do governo Dilma -e, portanto, não seria vantajoso para ele.
A criação do novo partido provocou nas últimas semanas dezenas de baixas no PSDB e nos outros partidos de oposição, DEM, ao qual Kassab era filiado, e PPS.
Procurado ontem pela Folha, Serra não respondeu.
Rumores sobre sua participação no projeto de Kassab ganharam força quando o PSDB da capital paulista perdeu 6 de seus 13 vereadores. Todos os dissidentes são aliados de Kassab e fizeram campanha para ele em 2008, com o apoio de Serra.
Na época, Alckmin concorria à prefeitura pelo PSDB. O partido ficou dividido e o governador sequer chegou ao segundo turno.
Serra tem evitado falar publicamente sobre a debandada tucana em São Paulo. Na segunda-feira, após palestra em escola particular paulistana, negou que houvesse crise no PSDB e desconversou sobre a nova sigla.
"É um partido que está sendo feito", disse aos repórteres após a palestra. "Não estou preocupado."
DIRETÓRIO ESTADUAL
Na conversa com Alckmin, Serra também discutiu a necessidade de fazer um acordo para a composição do diretório estadual do PSDB, a fim de evitar que se repita o descontentamento que levou à saída de seis vereadores.
Depois do encontro, serristas dão como certa a indicação do deputado federal Vaz de Lima, ligado a Serra e ao senador Aloysio Nunes Ferreira, para a secretaria-geral.
O grupo alckmista, que indicou o deputado estadual Pedro Tobias para presidir a legenda, queria manter César Gontijo no posto. Ontem, no entanto, já reconhecia que estava praticamente fechada a indicação do federal.
Lima foi líder de Serra na Assembleia Legislativa. "Estamos caminhando para um acordo que contemplará todas as correntes e lideranças", disse o deputado federal Luiz Fernando Machado.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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