sábado, 23 de junho de 2012

Intelectuais do PT criticam economista indicado para o IPEA

Dilma e Mantega apoiam Marcelo Neri, que enfrenta resistência de desenvolvimentistas

Natuza Nery

BRASÍLIA - Indicado para dirigir o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o economista Marcelo Neri é hoje o nome preferido da presidente Dilma Rousseff ao posto, mas enfrenta resistência da ala desenvolvimentista do governo.

Sugerido ao cargo pelo ministro Moreira Franco (Secretaria de Assuntos Estratégicos), Neri tem o aval do ministro Guido Mantega (Fazenda), egresso da Fundação Getúlio Vargas, tal como Neri.

Apesar do apoio robusto, a reação a ele cresce à medida que a definição do futuro presidente do órgão é protelada.

Economistas do Ipea tradicionalmente ligados ao PT torcem o nariz para a indicação, apesar de Neri, colunista da Folha, ter feito repetidos elogios à política de inclusão social de Lula.

Nos últimos dias, a economista Maria da Conceição Tavares, uma das gurus do pensamento petista, passou a liderar um movimento para emplacar outro titular.

Uma das alternativas é José Carlos Miranda, ex-representante do Brasil no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), mas sem amplo apoio nos bastidores.

Dilma busca um nome de "peso" para comandar o instituto e, segundo interlocutores, vê esse perfil em Marcelo Neri. A expectativa é que a decisão seja tomada a partir da semana que vem.

Por trás da resistência a Neri está uma tradicional rivalidade no mundo acadêmico: o antagonismo entre os economistas da PUC-Rio, liberais, e os da Unicamp, desenvolvimentistas -defensores de uma maior intervenção do Estado na economia.

Do ponto de vista político, o PSDB é adepto da primeira escola, e o PT, da segunda.

Também está no páreo Vanessa Petrelli, presidente interina do Ipea, mas com chances consideradas pequenas.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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