sábado, 1 de junho de 2013

Dilma e PMDB discutem a relação

Três caciques peemedebistas têm reunião com Dilma na segunda-feira para tentar remediar a desgastada aliança com o PT. Preocupação envolve os arranjos para as eleições de 2014

Paulo de Tarso Lyra

A presidente Dilma Rousseff receberá a cúpula do PMDB, na segunda-feira, para tentar conter os ruídos e as fissuras do Planalto com o partido. Organizados, os peemedebistas segmentaram a pauta: o presidente da Câmara, Henrique Alves (RN) levará a demanda dos deputados do PMDB; o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), vai expor as queixas dos senadores do partido; e o vice-presidente Michel Temer detalhará os problemas com a legenda.

Nos estados, Dilma e o PT terão que trabalhar para a aliança não ruir em diversos locais. Na Bahia, no Mato Grosso do Sul, no Rio Grande do Sul e no Paraná, são grande os riscos de que a chapa nacional seja contaminada pela montagem dos palanques estaduais. No Rio, o governador Sérgio Cabral (PMDB) não se cansa de emitir sinais de que a presidente terá problemas para garantir a vantagem na corrida presidencial.

Há duas semanas, em jantar com o próprio Temer e demais governadores peemedebistas, Cabral classificou a existência de dois palanques para Dilma no estado — de Luiz Fernando Pezão (PMDB), candidato do atual governador e de Lindbergh Farias, provável candidato do PT — como esquizofrênica e ameaçou se aproximar do presidenciável tucano, Aécio Neves. Ambos compartilham, inclusive, os trabalhos do marqueteiro Renato Pereira. Ontem, Cabral minimizou a crise. “Em ano ímpar, eu não discuto eleição. O apoio à presidente Dilma é total e absoluto. Não há semana em que eu não fale com um ministro e com a própria presidente,” disse.

Renan também não quis aumentar a crise. Para ele, a relação do PMDB com o governo e com o PT é “normal”. “As tensões são comuns na democracia e é preciso aprender com elas”, declarou. Ele voltou a defender a não leitura da MP 605, que criaria um fundo para compensar as perdas das concessionárias de energia com a redução da conta de energia. A proposta foi transferida para a MP 609, que ainda será votada.

Bagunça

O PMDB quer dividir a responsabilidade da bagunça em que se transformou a relação do Planalto com a base aliada. Na quarta-feira, Henrique Eduardo Alves defendeu que o governo encontrasse o problema na articulação política. “Não é possível que, com uma base de 420 deputados, não se tenha conseguido colocar 257 para garantir o quórum para uma votação importante na segunda-feira à noite (MP do setor elétrico)”, reclamou Alves.

Para integrantes da cúpula do PMDB, o governo não tem competência para controlar a própria base e “joga a culpa no colo de Renan e no de Henrique Alves”. Aliados dos dois peemedebistas lembram que Renan assumiu o desgaste de aprovar a MP dos Portos no mesmo dia em que ela chegou ao Senado e que Henrique esperou 2 horas e 50 minutos para tentar garantir quórum e votar a MP 605.

No partido, a maioria dos peemedebistas defende a reeleição da presidente Dilma, apesar das defecções naturais em alguns estados, como Bahia, Pernambuco, Paraná, Mato Grosso do Sul, além da crise instalada no Rio. “Mas é preciso afinar o discurso para que esse cenário não deteriore mais ainda”, disse um cacique da legenda ao Correio.

Desgaste no poder

O PMDB foi convidado pelo PT a integrar a chapa presidencial em 2010 para engordar o tempo de televisão de Dilma Rousseff. Mas os peemedebistas nunca foram bem-vistos no condomínio do poder. O primeiro atrito ocorreu na composição ministerial. Dilma deu à legenda pastas de menor orçamentário. Desde então, a relação entre as siglas viveu momentos de paz — como na convenção que reconduziu Temer ao comando partidário — e de brigas, incluindo votações de matérias importantes no Congresso.

Colaborou Amanda Almeida

Fonte: Correio Braziliense

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