terça-feira, 12 de julho de 2016

Opositor ferrenho do PT, deputado ganhou trânsito na Câmara com Temer

• Ex-líder do PFL e ex-presidente do DEM, Maia é considerado de tímido a arrogante; ele já foi chamado de “guri de merda” por Nelson Jobim

Fernanda Krakovics - O Globo

O diálogo do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) com diferentes partidos, inclusive o PT, para tentar viabilizar sua candidatura à presidência da Câmara é uma mudança de postura do parlamentar, considerado tímido pelos mais próximos e arrogante pelos que não partilham de seu círculo mais íntimo. Ex-líder do PFL e ex-presidente do DEM, Maia fez oposição ferrenha aos governos Lula e Dilma, e não tinha trânsito na Câmara nas gestões petistas.

— Ele está conversando bem, amadureceu, cresceu nos últimos anos — disse um deputado.

Maia deu uma mostra de seu perfil pouco conciliador numa festa no apartamento do então senador Demóstenes Torres (DEM-GO), em 2007, no governo Lula, quando se envolveu num bate-boca com os então ministros Nelson Jobim e Walfrido dos Mares Guia, e acabou chamado de “guri de merda” e de “professor de Deus”. Irritado com as investidas do Planalto para que a senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN) votasse a favor da prorrogação da CPMF, Maia foi tirar satisfação com os ministros em plena festa.


Filho do ex-prefeito do Rio Cesar Maia, ele é casado com Patrícia Vasconcelos, enteada de Moreira Franco, assessor especial de privatizações do governo Temer. A cerimônia, em 2005, na Igreja de São Francisco de Paula, no Centro do Rio, foi marcada por protesto de estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que exibiam cartazes com a frase “Não procriem”. Eles reclamavam da retirada de mendigos e camelôs da praça em frente à igreja, pela Guarda Municipal, especialmente para o casamento.

Maia foi cotado para ser líder do governo Temer na Câmara, mas acabou preterido por André Moura (PSC-SE), que teve o apoio do então presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e dos partidos do centrão.

Ele foi um dos principais articuladores da refundação do PFL, em 2007, que se tornou DEM e teve Maia como seu primeiro presidente. O objetivo era dar uma imagem mais moderna à sigla, com uma atuação mais de centro. Em 2009, com Maia ainda na presidência, o DEM entrou com ação no Supremo Tribunal Federal contra a reserva de vagas, em vestibulares, para negros e pardos, mas a cota racial foi considerada constitucional.

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