Folha de S. Paulo
Repatriação de Israel mostra a melhor face de
um país que pode muito quando aciona seus reais ativos
Se nos falta cacife geopolítico para mediar
conflitos mundo afora, sobra-nos capital em áreas em que o Brasil está, ou
poderia e deveria estar, entre as nações influentes no mundo. Na cultura, no
regramento ambiental, no acolhimento a imigrantes, na imagem de amabilidade
projetada por nosso povo.
Por isso não se justifica a pretensão do
caminhar a passos maiores que as pernas, um jeito gerador de frustração e
descrédito, quando podemos fazer uso de nossos reais ativos para realmente nos
destacar e, mais importante, ajudar na proporção de nossas capacidades.
Vivemos agora um exemplo eloquente na operação de repatriação dos brasileiros de Israel e nas negociações para a retirada de Gaza de cidadãos nacionais. O presidente Luiz Inácio da Silva foi célere na ordem, e o Ministério da Defesa, as Forças Armadas e o Itamaraty foram de notável eficiência nas ações compartilhadas.
Estava no domingo (15) pensando nisso quando
resolvi perguntar ao ministro José Múcio,
da Defesa, a razão do sucesso: "Deu certo porque fizemos o que sabemos
fazer de melhor, que é sermos fraternos", respondeu de pronto. E
acrescentou: "Quando queremos imitar os outros no acirramento de ânimos
nos damos mal, não é da nossa natureza".
Na opinião dele, o trabalho da diplomacia no
planejamento e na negociação, e da Aeronáutica na execução desde a noite
do fatídico 7 de
outubro, alcançou um resultado que define como "a cara o
Brasil".
No governo já se articula a possibilidade de
estender o mesmo tipo de ajuda a outros países que solicitarem, notadamente os
vizinhos, assim que todos os brasileiros que quiseram retornar estiverem em
segurança no Brasil.
Contrasta com a índole amigável, e em alguma
medida a desmente, o embate raivoso que se vê nas redes sociais. Um ambiente de
fúria que nos leva a um terreno onde não sabemos transitar. Um recuo à
amabilidade seria o melhor remédio. Enquanto é tempo.
Um comentário:
Verdade,não existe amor nas redes sociais.
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