Folha de S. Paulo
Corporação precisa de reforma mais profunda
do que mudança de nome e função
Há quatro meses, a Polícia
Rodoviária Federal foi tomada por uma disputa política
escancarada. No fim de março, começou a circular um dossiê com informações
pessoais e acusações contra o diretor-geral da corporação, Antônio Fernando
Oliveira. O objetivo da operação seria derrubar o chefe do órgão para instalar
um novo grupo no comando.
Os capítulos seguintes expuseram o tamanho da desgraça. Oliveira abriu uma investigação sobre o dossiê, apontou o envolvimento da cúpula do órgão no Distrito Federal e demitiu os dois principais nomes da unidade. Um deles havia acabado de se filiar ao PT e buscava apoio político para substituir o diretor-geral.
A Polícia Rodoviária Federal já viveu dias
bem piores como um órgão apodrecido pelo aparelhamento político. Na
pandemia, Jair
Bolsonaro demitiu o diretor-geral depois que o órgão divulgou
uma nota de pesar pela morte de um agente. O motivo da ira: o texto informava
que a causa do falecimento era Covid.
Foi uma amostra do assalto que o governo
promoveria na PRF. Sob o infame Silvinei
Vasques, o órgão agiu como uma polícia a
serviço de um grupo político. O diretor declarou voto em Bolsonaro e usou a
máquina da corporação para bloquear rodovias no dia do segundo turno da
eleição. Aposentou-se aos 47 anos, meses antes de ser preso.
Além da corrupção política, a PRF incluiu no
portfólio incursões vergonhosas no mundo do crime. Em 2022, matou um
homem asfixiado numa "câmara de gás" no porta-malas
de um carro. No ano seguinte, sob o governo Lula,
agentes balearam uma
menina de 3 anos na cabeça e foram ao hospital para intimidar
sua família. Ela morreu dias depois.
O governo trabalha com a proposta de mudar o
nome da corporação e transformá-la numa polícia ostensiva. Ela precisa de uma
reforma mais profunda, para acabar com a brutalidade e impedir a captura por
espertos, filiados ou não a partidos políticos. É isso ou dar razão a Gilmar
Mendes, que disse que a PRF "merece
ter sua existência repensada".
3 comentários:
Concordo.
PRF - alguns bandidos fardados atuando principalmente fora das estradas não podem prejudicar o trabalho sério de tantos policiais que cuidam das rodovias federais.
Anônimo babaca. Toda instituição brasileira qiue tem Policia no nome tem que ser redesenhada; aliás, as guardas também. MAM
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