sábado, 24 de julho de 2010

Com desigualdade, IDH do Brasil cai em 19%

DEU EM O GLOBO

País está na média das nações da América Latina. Queda é maior na Nicarágua (47%)

Carolina Brígido

BRASÍLIA. Se a desigualdade for considerada no cálculo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o coeficiente do Brasil cai em 19%, deixando o país mais distante do grupo das nações com alto nível de desenvolvimento.

A proposta de cálculo, chamada de IDH-D, foi apresentada no primeiro relatório de desenvolvimento humano sobre a América Latina e o Caribe, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

Quando considerados detalhes do cotidiano do brasileiro, o IDHD é de 0,629. Sem levar em consideração o fator desigualdade, o índice é de 0,777. O IDH é considerado alto a partir de 0,8.

Em média, os países da América Latina e do Caribe diminuem em 19% o IDH quando a desigualdade entra no cálculo. A queda é maior na Nicarágua (47%), na Bolívia (42%) e em Honduras (38%). As menores perdas ocorrem em Chile, Argentina e Uruguai, que registram entre 3 e 6 pontos percentuais.

Renda das pessoas depende em 58% da renda dos pais O maior fator da desigualdade brasileira é a má distribuição de recursos. Nota-se que a renda per capita das mulheres é de US$ 7 mil e a dos homens, de US$ 12 mil. O país é menos desigual quando se trata de acesso a educação e saúde. Para o Pnud, o desenvolvimento do país não está diretamente vinculado ao crescimento, e sim à distribuição mais justa de recursos.

No Brasil, o crescimento econômico é relativamente ineficiente para acabar com a pobreza, devido à desigualdade.

É preciso melhorar a qualidade dos empregos e da educação analisa o economista do Pnud, Flávio Comim.

O estudo mostra que é baixo o nível de mobilidade social e econômica no Brasil entre gerações.

O Pnud chegou à conclusão de que a renda das pessoas depende em 58% da renda dos pais.

Em países nórdicos, essa média é de 19%. E a escolaridade de uma pessoa depende em 55% do nível da educação dos pais. Nos EUA, o índice é de 21%. Outro fator que pesa é o fato de pessoas de um mesmo nível educacional se casarem entre si.

Uma das soluções apontadas para vencer a desigualdade são as transferência de renda. O texto cita o Bolsa Família como exemplo de sucesso. Mas o estudo apresenta o Brasil como o terceiro país mais desigual do mundo, de acordo com o índice de Gini de 0,55.

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