Zonzo com o tombo na pesquisa Datafolha, o governo Dilma finge tranquilidade e difunde o discurso ensaiado com o marqueteiro de que o "terremoto" político atingiu a todos os chefes do Executivo, sem exceção.
Tem lá suas razões, endossadas inclusive pelo tucano Aécio Neves, de que a insatisfação da voz das ruas é contra todo o mundo político.
Só que a queda de popularidade não adveio somente de quem foi para as ruas. Quem ficou em casa, teve a loja depredada, ficou preso no trânsito também está irritado.
O fato é que o governo não está apenas zonzo com o tamanho do recuo na popularidade e na intenção de voto presidencial, mas também dividido sobre o diagnóstico do tombo e a melhor forma de reação.
Uma ala diz que há uma sensação de "falta de pulso e autoridade" vinda da autoridade máxima, que teria sido muito tímida ao condenar os vândalos e arruaceiros. A hora seria de agir com mais energia.
Outra diz que o governo não pode nem pensar em passar a imagem de que irá reprimir a liberdade de expressão. E que é preciso calma quando se está entre dois fogos --críticas ao vandalismo, de um lado, e ao excesso de policiais, de outro.
Há quem garanta que a pesquisa captou tão somente um impacto político-emocional do momento, dado que não teria havido mudança na vida das pessoas, como aumento do desemprego e queda da renda e do consumo no país.
Visão não compartilhada por outro grupo, que defende mudanças na política econômica, inclusive de nomes na equipe, por pressentir que o cenário na economia está desandando e pode se agravar em breve.
Enfim, algo está fora do lugar. Até aqui, Dilma Rousseff não havia sido testada. Agora, fragilizada, mesmo que momentaneamente, terá de ceder e agregar. Caso contrário, vai se isolar. Hoje, a verdade é que há muita gente bem próxima a ela saboreando seu momento ruim.
Fonte: Folha de S. Paulo
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