Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus
ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente
fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação
das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de
carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem
fatalidade o olhar
[extático da aurora.
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