Lula iniciará governo com bolsonarista no comando da bancada evangélica
Atual líder, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)
quer disputar a vice-presidência da Câmara e quatro apoiadores de Bolsonaro
disputam a sucessão
Por Luisa Marzullo / O Globo
RIO DE JANEIRO - No momento em que tenta
ampliar sua base no Congresso para garantir a governabilidade, o presidente
eleito Luiz Inácio Lula da Silva vai começar seu governo com um bolsonarista
no comando da bancada evangélica, uma das mais influentes do
Legislativo. O atual líder, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), quer disputar
a vice-presidência da Câmara na chapa à reeleição de Arthur Lira (PP-AL), em
fevereiro, e quatro parlamentares alinhados ao presidente Jair Bolsonaro
concorrem à sua sucessão. Na próxima quarta-feira, a bancada entregará a Lira
os projetos que considera prioritários, entre eles o que define família apenas
como a união entre homem e mulher, excluindo as relações homoafetivas, e a Lei
Geral das Religiões, que regulamenta o livre exercício das crenças e dos cultos
religiosos, previstos na Constituição.
Na disputa pela presidência da Frente Parlamentar Evangélica estão o senador Carlos Viana (PL-MG) e os deputados Otoni de Paula (MDB-RJ), Eli Borges (PL-TO) e Silas Câmara (Republicanos-AM). A definição deve sair ainda este mês. O segmento foi um dos pilares de sustentação do atual governo e se engajou na campanha à reeleição de Bolsonaro.
— A Frente nasceu no início do primeiro
governo Lula, em 2002, para ser uma resistência ideológica ao conjunto de
políticas públicas da esquerda. Agora, mais que nunca, lutará pelos valores
cristãos — diz Sóstenes.
Pastor da Assembleia de Deus e ligado a
Silas Malafaia, um dos líderes religiosos mais
alinhadas ao atual titular do Palácio do Planalto, Sóstenes diz ser
o nome apoiado pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, para a
vice-presidência da Câmara a partir de 2023. Segundo ele, Lira teria prometido
a vaga ao partido em troca do apoio à sua reeleição para o comando da Casa.
Perfis
Na próxima legislatura, a estimativa é que
a bancada evangélica conte com 102 deputados e 13 senadores, o equivalente a
20% da Câmara e 16% do Senado.
Um dos que se apresentou para comandar a
Frente, Otoni de Paula é pastor da Assembleia de Deus Missão Vida. Vice-líder
do governo, ele foi responsável por mediar o contato telefônico entre Bolsonaro
e os familiares de Marcelo Arruda, petista assassinado em Foz do Iguaçu (PR),
em julho deste ano. Ele é investigado em dois inquéritos no Supremo Tribunal
Federal (STF), o dos atos
antidemocráticos e das fake news, e está com suas redes sociais
bloqueadas.
— Tenho uma posição política de oposição a
Lula, porém respeitosa, com propostas e que visa priorizar as pautas
necessárias para o Brasil avançar — afirmou Otoni.
Também no páreo, o senador Carlos Viana
retomou suas atividades legislativas após ser derrotado na corrida ao governo
de Minas Gerais. Ele entrou na disputa para garantir um palanque no estado para
Bolsonaro, já que o presidente não conseguiu fechar aliança com o governador
Romeu Zema (Novo). Reeleito no primeiro turno, Zema apoiou Bolsonaro na segunda
etapa. Caso o membro da Igreja Batista da Lagoinha seja o novo líder, será a
primeira vez em que um senador estará à frente dos evangélicos no Congresso.
Outros nomes
Outros dois pastores da Assembleia de Deus
também almejam liderar a bancada. Silas Câmara, que foi reeleito para
o seu sexto mandato consecutivo, é um dos maiores apoiadores de
Bolsonaro no Congresso. Durante a pandemia, ele foi um dos principais
defensores da reabertura dos templos, posição também defendida pelo Planalto.
Silas Câmara já presidiu a bancada evangélica em 2019.
Na semana passada, Silas Câmara teve um
acordo homologado pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF, e deixará de
responder a uma ação na qual é acusado por um esquema de rachadinha em seu
gabinete. O deputado terá de pagar uma multa de R$ 242 mil. Silas Câmara
confessou ter desviado verbas de gabinete que seriam destinadas ao pagamento de
assessores.
Já Eli Borges é o atual porta-voz da
Frente. Durante a campanha eleitoral, recebeu a primeira-dama, Michelle
Bolsonaro, em seu estado, o Tocantins. Desde a derrota do presidente nas urnas,
Borges abandonou as redes sociais. Além da bandeira da família e dos costumes,
ele se destaca pela defesa do agronegócio, outro setor alinhado a Bolsonaro.
Borges resolveu disputar a presidência da
bancada mesmo depois de ter considerado sua reeleição para a Câmara, em
outubro, “uma
vitória humilhante”, de acordo com um áudio que vazou. Ele teve
pouco mais de 35 mil votos. Na gravação, dizia que não sabia se iria “querer o
mandato” . Na ocasião, o deputado criticou, em nota, a divulgação de um áudio
de “foro íntimo”, atribuiu as declarações ao “cansaço” e “momentânea tristeza”,
e agradeceu aos seus eleitores.
Na quarta-feira, a Frente anunciará o apoio à reeleição de Arthur Lira e entregará um manifesto com itens que querem pautar no próximo ano. Um deles é o Estatuto da Família, que não reconhece relações homoafetivas e enfrenta forte oposição na esquerda. Outro é a Lei Geral das Religiões, que regulamenta o livre exercício das crenças e dos cultos religiosos, previstos na Constituição. Entre as normas em vigor reiteradas na proposta está a isenção de impostos às entidades religiosas. Essas organizações também têm asseguradas a liberdade para prestar assistência espiritual a pacientes internados em hospitais, a presidiários e a internos de estabelecimentos de assistência social e educacional.
2 comentários:
Fé demais
"a bancada entregará a Lira os projetos que considera prioritários, entre eles o que define família apenas como a união entre homem e mulher, excluindo as relações homoafetivas,"
Sim, é verdade. Mas existem outras verdades tb verdadeiras.
Por exemplo, um pastor q acorda pensando em gay, passa o dia pensando em gay, dorme pensando em gay, sonha (e diz q é pesadelo) com gay, é o q?
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkmm
Saia do armário, talquei?
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