Folha de S. Paulo
Alvo de fake news, governo ainda não
elaborou um plano contra a criminalidade
Depois da batalha em torno da aprovação do PL 2630, com as big techs interferindo diretamente em defesa de seu lucrativo negócio, o projeto caiu no limbo. Protegida, a bandalha nas redes continua a mil. Um exemplo é o vídeo que mostra dezenas de homens vestidos de preto, encapuzados e armados com fuzis, disparando para o alto; eles comemoram, gritam, erguem o arsenal.
Não é um conflito verdadeiro. É uma filmagem da série "Arcanjo Renegado", no Complexo da Maré. A mentira, porém, vem contextualizada em legendas: "Parabéns, STF e Flávio Dino, pois o problema é a nossa arma, do CAC, legalizado" e "Parece o México, mas é a favela da Maré, no Rio de Janeiro. Esse é o Brasil sob o governo do ‘amor’ de Lula, porque sob o governo do ‘ódio’ de Bolsonaro jamais vimos cenas como estas".
A estratégia de demonizar a segurança pública não é novidade. Foi assim que a
extrema direita conseguiu se projetar na última década, explorando a imagem
—esta, sim, real— do cidadão impotente diante da violência. O sintomático é
que, enquanto esteve no poder, o bolsonarismo não apresentou soluções para a
área. Preferiu comemorar o "cancelamento de CPFs" com dancinhas em
programas de auditório ou aparelhar a PRF com caveirões que estão parados nos
pátios, gastando mais de R$ 100 milhões em uma compra suspeita que está sob
investigação do MP.
O governo Lula tem assistido à guerra
doméstica sem elaborar até agora uma plataforma extensiva de combate à
criminalidade, a qual teria de contar com os governos estaduais, responsáveis
pelas PMs.
Relançar o Pronasci é quase nada para quem está proibido de andar no centro de São Paulo. Ou para quem vive no Rio, destino preferido não mais dos turistas e sim dos bandidos de outros estados. Uma cidade onde a milícia está à vontade para exigir dinheiro de qualquer um. Até de quem dorme na rua em cama de papelão.
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