Folha de S. Paulo
Manobra do PL para livrar Eduardo Bolsonaro
desmoraliza a oposição
Motta precisa explicar se fez acordo com
partido para aceitar filho de ex-presidente como líder mesmo fora do país
A indicação pelo PL de Eduardo
Bolsonaro como líder da minoria na Câmara na tentativa de
salvar o parlamentar de um processo de cassação do mandato por
faltas é o retrato da completa desmoralização da oposição no Brasil.
Dos Estados Unidos, onde estimula o tarifaço de produtos brasileiros e novas ameaças de sanções do governo Donald Trump, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro não poderá despachar uma pauta, discutir as propostas, encaminhar a votação.
As imagens e falas do anúncio da substituição
da deputada Caroline de
Toni (PL-SC) do cargo, com a presença de vários deputados do
partido, escancaram o esculacho que se tornou o processo legislativo no Congresso
Nacional com a quebra constante do rito regimental e todos os
tipos de acordão.
O líder da oposição continua sendo o deputado
do Rio Grande Sul Luciano Zucco,
que também é do PL, partido que patrocinou a troca para favorecer Eduardo
Bolsonaro. Para ajudar a família Bolsonaro, vale tudo.
A troca do PL não pode ser aceita pelo
presidente da Câmara, Hugo Motta,
que tentou tirar o corpo fora ao dizer que a escolha de líderes não depende da
presidência da Casa. Falta o chefe da Câmara esclarecer se fez mesmo um acordo
com o PL para garantir a manobra, como propagam parlamentares da legenda da
família Bolsonaro.
A tentativa de livrar Eduardo passa por
regras mínimas de decoro parlamentar, que tratam da boa conduta individual que
se espera ser adotada pelos políticos, representantes eleitos da sociedade.
Acordos obscuros na Câmara têm ganhado escala
com completa normalização pelos parlamentares. O último da vez garantiu a aprovação da
PEC da Blindagem.
Os deputados estão com medo do que pode sair
do avanço das investigações
sobre desvios de emendas parlamentares. O STF tem
quase uma centena de inquéritos abertos para investigar parlamentares e
ex-parlamentares suspeitos de crimes relacionados ao envio dos recursos. A PEC
dá salvaguarda a eles.
No Congresso dos dias atuais, o fundo do poço
não tem fim
Nenhum comentário:
Postar um comentário