sábado, 23 de maio de 2009

Um susto nos peemedebistas

Edson Luiz e Izabelle Torres
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE

Atrás de material de propaganda eleitoral fora de época, agentes da Polícia Federal invadiram o Diretório do PMDB em Fortaleza, mas não encontraram nada. A reação do partido foi imediata

O Diretório do PMDB em Fortaleza foi alvo ontem de uma busca da Polícia Federal para apreender supostos materiais de campanha do deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE). A ordem foi dada pelo Ministério Público no Ceará. O MP alegou que o parlamentar estava fazendo propaganda eleitoral fora do período permitido por lei. No entanto, não havia nada no diretório, mas o episódio causou um fato político que repercutiu mal entre os peemedebistas durante o dia. O próprio Eunício qualificou o fato como inexplicável. “Em plena democracia, a invasão a um partido político, sem indícios de que haja algo errado, é de deixar qualquer um chocado”, afirmou o parlamentar. A direção nacional do PMDB também reagiu, classificando a ação como descabida e alertou contra o que chamou de “tentativa de criminalizar a política no país”.

A busca foi ordenada pelo Ministério Público Eleitoral, mas a presença da PF no local deixou os peemedebistas descontentes, conforme ficou claro em uma nota, divulgada no fim da tarde pelo presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), o líder da legenda na Casa, Henrique Eduardo Alves (RN) e a presidente do partido, Íris Araújo. “O PMDB, por sua direção nacional, repudia a agressão perpetrada contra o Diretório Estadual do partido no Ceará, alvo de uma ação de busca e apreensão totalmente descabida, seja pela falta de motivos, seja pelo aparato de força utilizado”, diz o comunicado. Assim como Eunício, os deputados taxaram o ato como uma ação antidemocrática. “A imagem da sede de um partido político cercado pela Polícia Federal não se coaduna com a democracia em que vivemos”, acrescenta o comunicado.

Nas manifestações públicas, caciques do PMDB evitam criticar a atuação da Polícia Federal. Falam que a questão foi um caso isolado e regional. Mas, nos bastidores, a conversa foi diferente. Na interpretação de alguns dos integrantes da legenda, o ato pode ser considerado um recado do governo ao partido, que terá um papel decisivo durante a CPI da Petrobras. Esses políticos acreditam que a sede no Ceará foi escolhida porque guardava documentos com informações sobre figuras de visibilidade nacional do partido como o presidente da Câmara, Michel Temer (SP), e o líder da legenda no Senado, Renan Calheiros (AL). Durante todo o dia, lideranças peemedebistas trocaram telefonemas, dialogaram pessoalmente e decidiram por uma nota sem centralizar em um alvo.

Palestra

Apesar de em nenhum momento atacar a PF ou o Ministério Público, a nota do PMDB deixava claro a insatisfação da legenda contra a ação das duas corporações. Em defesa de Eunício, o diretório nacional do partido explicou que o deputado compareceu a uma reunião com vereadores de Fortaleza para fazer uma palestra, o que motivou a suspeita de que estaria antecipando a campanha eleitoral de 2010. Na versão do Ministério Público, o evento aconteceu com direito a camisas e bonés que faziam alusão à candidatura de Eunício ao Senado. Na versão do investigado, no entanto, o encontro aconteceu a portas fechadas e havia 21 vereadores de pequenos partidos, sendo que nenhum era peemedebista.

Sobre a participação na busca feita ao diretório, a Polícia Federal informou que apenas acompanhou o trabalho dos oficiais de justiça. “As buscas realizadas nesta sexta-feira (ontem) foram determinadas pela Justiça Federal do estado a pedido do Ministério Público Eleitoral, e contaram apenas com apoio policial da PF”, diz o comunicado, informando ainda, que não existe inquérito instaurado na superintendência regional do Ceará sobre antecipação de campanha do PMDB. “A Policia Federal esclarece, ainda, que só pode atuar em investigações eleitorais por determinação da Justiça Eleitoral”, ressalta a PF.

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