• Dilma diz que país vai superar crise ‘sem nadinha de amargura ou de ódio’
Cristiane Jungblut - O Globo
Enquanto líderes da oposição classificaram a queda do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de “desastre econômico” e o cenário atual de “terra arrasada”, a equipe econômica silenciou. Procurado, o Palácio do Planalto informou que caberia ao Ministério da Fazenda se manifestar sobre o resultado. Mas, no Rio, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não quis fazer comentários. E, no Ceará, a presidente Dilma Rousseff disse apenas que o país iria superar a crise “sem nadinha de amargura ou de ódio”.
Para o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), a queda do PIB no segundo trimestre traduz o “desastre econômico” em curso no Brasil. “O país cresce menos que quase todos os países do mundo, tem uma das mais altas taxas de inflação entre as economias minimamente organizadas e pratica as maiores taxas de juros do planeta. Quem fingiu não saber da crise, hoje finge que governa”, disse ele, em nota.
‘Derrubou até agropecuária’
Para o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), os dados só confirmam o que os brasileiros já vinham sentindo na pele. Segundo ele, trata-se de um atestado de incompetência do governo Dilma.
“A recessão técnica é apenas a constatação de uma realidade que os brasileiros enfrentam há muito tempo, com redução em suas rendas e perda de seus empregos. E a única reação da presidente Dilma é dizer que não sabia da gravidade da crise e tentar arrancar cada vez mais dinheiro da sociedade. É um governo falido, que em vez de tirar o país da crise, a agrava cada vez mais com sua inoperância e incompetência. É como se o país fosse uma aeronave no meio de uma tempestade, sem rota definida e sem comandante. Os brasileiros não merecem isso”, afirmou Sampaio, também por meio de nota.
Para o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), o resultado é preocupante, principalmente pela agropecuária, que demonstrava vigor mesmo com a crise econômica, mas já apresenta retração de 2,7% quando comparada ao trimestre anterior. “Dilma conseguiu derrubar até a agropecuária, conforme havíamos alertado. O cenário é de terra arrasada para esse e para o próximo ano. Indústria, investimentos, consumo das famílias, tudo ladeira abaixo. E adivinha o que subiu? O consumo do governo. Os avanços dos últimos anos na economia estão seriamente comprometidos e esse governo não tem condições nem capacidade de mudar esse cenário”, avaliou Caiado, também em um comunicado.
Já o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), demonstrou preocupação com a rapidez da desaceleração:
— Essa queda é preocupante. A economia freou rápido demais. É uma frenagem exagerada da economia. Uma desaceleração preocupante.
Em Caucaia, no Ceará, a presidente Dilma Rousseff entregou unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida. Na solenidade pediu “muito amor no coração” para o Brasil vencer as dificuldades.
“O Brasil, hoje, é um país democrático e um país que sabe superar suas dificuldades. Como todos os países do mundo, nós temos a garra de superar as nossas dificuldades. Mas tem uma característica especial: nós superamos isso com muita esperança e muito amor no coração, e com nadinha de amargura ou de ódio. Nós somos um país tolerante, que respeita os outros e que quer ver seus filhos e filhas sendo criados em um mundo de paz”, declarou a presidente.
Agenda cheia, boca fechada
O silêncio foi ainda mais contundente por parte do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Com agenda cheia no Rio, ele se encontrou com a cúpula da ABInbev no início da tarde e, em seguida, reuniu-se com o presidente da Casa da Moeda. Os encontros foram em seu gabinete no Centro do Rio, onde fica o Ministério da Fazenda. Levy chegou ao Rio por volta das 11h e deixou o ministério às 19h55m. E se recusou a falar com a imprensa.
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