• Cunha acusa procurador-geral da República de adotar viés político em investigação e de divulgar dados sigilosos
• Para presidente da Câmara, 'vazamentos absurdos' teriam como objetivo constrangê-lo politicamente
Gustavo Uribe, Márcio Falcão – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse neste sábado (10) que não tem a intenção de renunciar ou se afastar temporariamente do cargo.
Com o agravamento das denúncias contra Cunha, os partidos de oposição –PSDB, DEM, PPS, PSB e Solidariedade– recuaram no apoio ao peemedebista e decidiram cobrar publicamente que ele deixe o comando da Casa.
Em nota, o presidente da Câmara dos Deputados evitou criticar a manifestação da oposição e acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de querer constrangê-lo politicamente.
"O procurador-geral da República divulgou dados que em tese deveriam estar protegidos por sigilo, sem dar ao presidente da Câmara dos Deputados o direito de ampla defesa e ao contraditório que a Constituição Federal assegura", criticou.
"[A divulgação foi feita] tendo como motivação gerar o constrangimento político da divulgação de dados que, por serem desconhecidos, não podem ser contestados".
No documento, Cunha afirma que Janot tem atuado com "viés político" e ressaltou que ele se tornou uma espécie de "acusador do governo geral da República".
"Por várias vezes desde o início desse processo, o presidente da Câmara dos Deputados tem alertado para o viés político do procurador-geral, que o escolheu para investigar, depois o escolheu para denunciar e agora o escolhe como alvo de vazamentos absurdos", disse.
Dossiê entregue pelo Ministério Público da Suíça à Procuradoria-Geral da República e revelado nesta sexta-feira (9) mostrou que dinheiro de propina paga para viabilizar um negócio com a Petrobras alimentou contas secretas atribuídas a Cunha e sua mulher, a jornalista Claudia Cruz.
Na nota, o peemedebista reafirmou depoimento prestado à CPI da Petrobras, em que disse não ter contas no exterior e negou ter recebido "qualquer vantagem de qualquer natureza de quem quer que seja" referente à estatal.
"Ele [Cunha] refuta com veemência a declaração de que compartilhou qualquer vantagem, com quem quer que seja, e tampouco se utilizou de benefícios para cobrir gasto de qualquer natureza, incluindo pessoal", disse.
Cunha anuncia ainda que seus advogados ingressarão na próxima terça-feira (13) com um pedido no STF (Supremo Tribunal Federal) para que sejam disponibilizados imediatamente os documentos sobre a investigação em curso na Suíça.
"Após conseguirem ter acesso, saberão dar as respostas e acionarão a Suprema Corte para responsabilizar os autores desse vazamento político de dados que, em tese, estão sob a guarda do próprio procurador-geral da República", disse ele.
A PGR disse que não se manifestaria sobre a nota.
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