- O Estado de S.Paulo
Do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB ou renda nacional) no quarto trimestre de 2017 pode-se dizer que não decepcionou. Foi menor do que o 0,3% esperado, não passou de 0,1% em relação ao trimestre anterior, mas completou 2017 com bom resultado, de 1,0% no ano.
Para uma economia que vinha de dois tombos anuais consecutivos de 3,5%, o avanço de 1,0% não deixa de ser promissor. Mas o País terá de crescer mais de 6,0% para chegar ao patamar do último trimestre de 2014.
Bem mais positiva foi a retomada da indústria, de 2,7% no trimestre, maior impulso desde 2013. E animadora foi a recuperação do investimento, de 3,8%, também no trimestre ante o mesmo período do ano anterior.
Todos sabem que, em 2017, a agricultura bateu recorde histórico de produção: cerca de 140 milhões de toneladas de grãos, valor mais de 30% superior à safra anterior. Por isso, pode-se estranhar que, no PIB, o aumento registrado foi de apenas 6,1%. A explicação para o resultado mais contido está em que o PIB mede também valores e não só quantidades. E aí pesou a queda das cotações no mercado internacional.
O resultado razoável do sistema produtivo em 2017 foi obtido mais com base no aproveitamento da capacidade ociosa (máquinas e instalações subutilizadas) do que no crescimento do investimento propriamente dito.
Somos um país que age como certas tribos primitivas, que não liga para a multiplicação da riqueza e da renda, e que come as galinhas. Por isso, obtém poucos ovos. Ou seja, consumimos cada vez mais, poupamos e investimos cada vez menos. Os últimos números mostram que, de toda a renda obtida em 2017, a poupança não passou de 14,8% e o investimento, contando com a participação dos estrangeiros, ficou em 15,6%. Bobagem dizer que de um país pobre como o Brasil não se pode esperar mais poupança porque sobra pouco da renda. Apenas para comparar, os emergentes asiáticos (o Japão está fora dessa) poupam cerca de 33% do PIB e a China, mais de 50% do PIB.
No assunto PIB, as primeiras indicações são de que o ano de 2018 começou melhor do que 2017 terminou. É, por exemplo, o que tem mostrado o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que procura antecipar o PIB. Este ano tem tudo para crescer 3,0% ante 2017. E melhor não será o desempenho por três fatores limitantes.
O primeiro deles é a já conhecida situação calamitosa das contas públicas e a falta de perspectiva de virada nessa área. O aumento já verificado da arrecadação apenas atenua o problema. A falta de reformas deixa turvo o horizonte.
O segundo fator é o baixo investimento, já lembrado acima. E o terceiro são as incertezas que cercam a escolha do novo presidente da República. As apostas se concentram num candidato moderado, comprometido com as reformas, que ninguém sabe quem será. Além de cru, o processo eleitoral está eivado de variáveis fora de controle, a começar pelas decisões que ainda se esperam da Justiça Eleitoral, o que aumenta as incertezas.
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