Palavras de Bolsonaro produzem agenda destrutiva, da segurança à vacinação
Em
campanha, Jair Bolsonaro queria "carta branca para policial matar".
Após chegar ao Planalto, prometeu "retaguarda jurídica" para blindar
as forças de segurança em casos desse tipo. Agora, pelo segundo ano seguido,
ele assinou um indulto
feito sob medida para perdoar crimes não intencionais cometidos
em serviço por esses agentes.
O
governo não foi capaz de aprovar mudanças na lei para garantir uma proteção
definitiva, mas Bolsonaro ainda consegue empurrar sua agenda de incentivo à
violência policial. Com medidas alternativas e estímulos retóricos, o
presidente avança na corrosão de políticas de segurança, da preservação
ambiental, da democracia e da saúde pública.
Dias antes de editar o indulto, Bolsonaro ofereceu guarida a PMs num discurso para recém-formados, no Rio. "Numa fração de segundo, está em risco a sua vida, do cidadão de bem ou de um canalha defendido pela imprensa brasileira", disse. O presidente sabe que a polícia do estado já mata e morre em níveis recordes.
Bolsonaro
também dá respaldo à destruição ambiental, mesmo sem maioria para aprovar
mudanças na legislação. O governo afrouxou a fiscalização e encorajou o
desmatamento sob a chancela explícita do discurso oficial. A cada vez que o presidente
nega a devastação, ele dá sinal verde para que ela continue.
Sem
encostar na caneta, Bolsonaro também fabrica desconfianças sobre o sistema de
votação brasileiro. Com base em falsas suspeitas, ele ganha seguidores em sua
campanha para questionar o
resultado das urnas em caso de derrota. "Se a gente não tiver
voto impresso em 2022, pode esquecer a eleição", declarou.
Um dos efeitos mais evidentes de sua retórica é a crescente inclinação dos brasileiros a não se vacinar contra a Covid-19 –percentual que saltou de 9% para 22% nos últimos meses. O aumento representa um contingente extra de 27 milhões de brasileiros não imunizados. Aqueles que nunca quiseram ver ameaças nas palavras de Bolsonaro poderiam ao menos enxergar os prejuízos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário