Folha de S. Paulo
Acordo restringiu produção de fatos novos, e
relatório se contentou com dados da PF e provas produzidas à luz do dia
A CPI do 8 de
janeiro deu nome aos bois que conseguiu encontrar. O relatório
da senadora Eliziane Gama destaca
a liderança de Jair
Bolsonaro na disseminação do golpismo e recomenda o
indiciamento de mais 60 pessoas entre militares, políticos e personagens da máquina
do governo. A comissão poderia ter ido mais fundo, mas escolheu pisar em ovos.
O documento elenca os pontos que sustentam uma acusação direta contra Bolsonaro, auxiliares e integrantes das Forças Armadas. O relato mostra como o ex-presidente subsidiou os golpistas, toca em pontos como a politização das polícias e expõe a simpatia de oficiais graduados por uma intervenção militar.
O texto parece bem acabado porque aponta para
o topo de uma cadeia de comando. Mas a comissão se contentou com informações já
levantadas pela PF e costurou provas exibidas à luz do dia. Além das limitações
de qualquer CPI, a falta de apetite e os acordos políticos restringiram a
produção de fatos novos.
Apesar de ter maioria na comissão, a base de
Lula abriu mão de ouvir Bolsonaro, com o argumento de que a CPI se tornaria um
palanque para o ex-presidente. Os governistas também não convocaram antigos
comandantes das Forças Armadas, numa manobra
para conter a insatisfação dos militares.
O relatório final foi confeccionado, nas
últimas semanas, sob o fantasma de um compromisso que teria sido firmado para
poupar a caserna. Em agosto, o presidente da CPI, Arthur Maia, se reuniu com o
comandante do Exército para discutir os trabalhos da comissão.
A relatora tentou desfazer as suspeitas com
um pedido enfático de indiciamento de militares, incluindo os ex-comandantes
Freire Gomes e Almir Garnier.
Como a CPI não foi atrás de elementos inéditos sobre os dois, Eliziane se
baseou em dados da PF, notícias e declarações públicas.
Mesmo assim, sobrou espaço para um aceno aos
quartéis. A relatora anotou que o golpe foi frustrado, entre outros fatores,
pela "postura constitucional das Forças Armadas".
Um comentário:
Então tá!
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