Folha de S. Paulo
Todo político bolsonarista agora precisa ser
confrontado com os depoimentos de Freire Gomes (Exército) e Baptista Jr.
(Aeronáutica)
Com a divulgação dos depoimentos da operação
Tempus Veritatis, já está claro que Jair
Bolsonaro vai ser preso.
Os ex-comandantes do Exército e da
Aeronáutica, general Freire Gomes e brigadeiro Baptista Jr., contaram à Polícia
Federal que Bolsonaro passou o período entre a derrota
para Lula e
a fuga para a Disney lhes propondo golpe de Estado.
Em duas reuniões, uma em 7 de dezembro,
presidida pelo próprio Jair, e outra em 14 de dezembro, presidida pelo ministro
da defesa de Bolsonaro, general Paulo Sérgio, minutas da declaração de golpe
(com as limitações correspondentes de liberdade) foram apresentadas aos
comandantes das Forças. O da Marinha, Almirante Garnier, teria aceitado,
segundo depoimento de seus dois colegas.
Esses testemunhos batem perfeitamente com outras provas de que a polícia já dispõe, como as trocas de mensagens de Mauro Cid e Braga Netto.
Ainda há muito o que investigar na escalada
golpista de 2022, muitos personagens cujos papéis ainda precisam ser
esclarecidos, mas já está provado que Bolsonaro infringiu os artigos 359-L e
359-M do Código Penal: tentou, por meio de violência, abolir o Estado de
Direito e derrubar o governo legitimamente constituído.
Se tudo correr normalmente, Jair Bolsonaro
será preso, e não será por pouco tempo.
Daí em diante, o que se deve fazer com
políticos que, dentro das instituições democráticas, continuam reivindicando a
herança bolsonarista?
Para começo de conversa, todo político
bolsonarista agora precisa ser confrontado com os depoimentos de Freire Gomes e
Baptista Jr. Eles acham que os comandantes estão mentindo? Não acho que
político bolsonarista tenha direito de voltar a falar com a imprensa, se não
responder isso primeiro.
Os que disserem que não, os comandantes não
mentiram, devem ser forçados a encarar a consequência lógica de sua afirmação.
Se os comandantes não mentiram, Bolsonaro tentou destruir a liberdade
brasileira. Os políticos bolsonaristas continuarão apoiando Jair mesmo agora
que a tentativa de golpe foi provada? Se continuarem, vamos tratá-los como
políticos normais?
A bancada bolsonarista no Congresso
participou ativamente da articulação golpista. Falei disso na coluna de 6
de janeiro último, quando contei como foi a reunião de 30 de
novembro de 2022, em pleno Congresso
Nacional, em que bolsonaristas pediram abertamente por golpe de
estado para uma plateia que incluía o terrorista da véspera de Natal.
Agora vejam: a polícia certamente não vai
conseguir prender todos os militares golpistas. Eu tenho o direito de suspeitar
que parlamentares bolsonaristas sabem quem eles são. O caso mais óbvio são os
filhos políticos de Bolsonaro, que podem perguntar para o pai.
Vamos mesmo deixar políticos extremistas, com
contatos entre militares extremistas, participarem do nosso debate público
normalmente? É para já deixar o próximo golpe encomendado?
Comissões fundamentais no Congresso Nacional
vão mesmo ser presididas por seguidores desse elemento que, segundo os
comandantes do Exército e da Aeronáutica, tentou destruir a democracia
brasileira?
Governador Tarcísio, secretário Derrite: é
cada vez mais claro que apoiar Bolsonaro é apoiar o crime. Se continuarem com
isso, pelo menos desistam da lenga-lenga moralista quando saírem para matar
pobre.
2 comentários:
...corrigenda
"Todo ...... bolsonarista agora precisa ser confrontado com os depoimentos de Freire Gomes (Exército) e Baptista Jr. (Aeronáutica)"
E, como escreve o articulista,"apoiar Bolsonaro é apoiar o crime"..."infringiu os artigos 359-L e 359-M do Código Penal: tentou, por meio de violência, abolir o Estado de Direito e derrubar o governo legitimamente constituído".
O vizinho 'embandeirado' está se implicando nisso
Qualquer escola deveria divulgar os artigos 359-L e 359-M do Código Penal nas aulas e nos murais.
Vale fazer camiseta
JULGAMENTO! O colunista ignora esta etapa FUNDAMENTAL. Não deve existir prisão sem isto!
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