DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Com ar cansado, moradores da Baixada Fluminense enfrentam chuva e distância para participar de evento
Para juiz do TRE-RJ, Lei Eleitoral pode ter sido descumprida se ônibus tiverem sido pagos com recursos públicos
Elvira Lobato
Enviada especial a Japeri e Queimados (RJ)
Nem a anunciada presença do presidente Lula animou os moradores da Baixada Fluminense a enfrentar a distância e a chuva para participar do comício da candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, e do governador Sérgio Cabral (PMDB), que concorre à reeleição. Por volta das 15h, dois ônibus estacionaram na praça do Eucalipto, em Queimados (55 km do centro do Rio), para levar moradores gratuitamente para o comício. Eles estavam a cerca de 100 metros da prefeitura. Durante uma hora, não apareceu nenhum interessado.
Aos poucos, chegaram 18 empregados da prefeitura. Com ar cansado, alguns torciam para que a viagem fosse cancelada e que os ônibus voltassem para a garagem.
Mas o compromisso foi mantido. Um ônibus voltou para a garagem, por falta de passageiros; o outro seguiu viagem, semivazio. O prefeito de Queimados, Max Lemos (PMDB), tinha convocado moradores para o comício com carros de som. No dia anterior, ele afirmara que dez ônibus sairiam de lá em direção ao Rio.
A viagem começou com os funcionários preocupados com a reação do prefeito quando soubesse que não havia funcionários em número suficiente nem para lotar dois ônibus. A reportagem da Folha soube dos ônibus, com um telefonema para o gabinete do prefeito, no início da manhã. O funcionário que atendeu a ligação deu o local e a hora de partida.
A repórter acompanhou a viagem sem se identificar como jornalista. ""Se fosse um convite para churrasco, com cerveja, estaria lotado de gente em pé", disse uma funcionária da Secretaria de Cultura. Não havia galhardetes, bandeiras nem cantos de hinos partidários. Foi uma viagem silenciosa, de empregados que seguem para um serão extra após a jornada normal de trabalho.
No início da tarde, três ônibus que levariam moradores de Japeri (vizinho a Queimados) para o comício voltaram para a garagem. Eles sairiam da Câmara Municipal.
Funcionários disseram que o cancelamento foi por ordem superior. O prefeito de Japeri é do PSDB, mas apoiaria, nos bastidores, Dilma Rousseff e Sérgio Cabral. Não há propaganda de José Serra na cidade.
O juiz Paulo Cesar Vieira de Carvalho Filho, do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, disse que, se foi usado dinheiro público para o aluguel do ônibus, houve ilícito eleitoral.
Colaborou Fabio Grellet, do Rio
Com ar cansado, moradores da Baixada Fluminense enfrentam chuva e distância para participar de evento
Para juiz do TRE-RJ, Lei Eleitoral pode ter sido descumprida se ônibus tiverem sido pagos com recursos públicos
Elvira Lobato
Enviada especial a Japeri e Queimados (RJ)
Nem a anunciada presença do presidente Lula animou os moradores da Baixada Fluminense a enfrentar a distância e a chuva para participar do comício da candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, e do governador Sérgio Cabral (PMDB), que concorre à reeleição. Por volta das 15h, dois ônibus estacionaram na praça do Eucalipto, em Queimados (55 km do centro do Rio), para levar moradores gratuitamente para o comício. Eles estavam a cerca de 100 metros da prefeitura. Durante uma hora, não apareceu nenhum interessado.
Aos poucos, chegaram 18 empregados da prefeitura. Com ar cansado, alguns torciam para que a viagem fosse cancelada e que os ônibus voltassem para a garagem.
Mas o compromisso foi mantido. Um ônibus voltou para a garagem, por falta de passageiros; o outro seguiu viagem, semivazio. O prefeito de Queimados, Max Lemos (PMDB), tinha convocado moradores para o comício com carros de som. No dia anterior, ele afirmara que dez ônibus sairiam de lá em direção ao Rio.
A viagem começou com os funcionários preocupados com a reação do prefeito quando soubesse que não havia funcionários em número suficiente nem para lotar dois ônibus. A reportagem da Folha soube dos ônibus, com um telefonema para o gabinete do prefeito, no início da manhã. O funcionário que atendeu a ligação deu o local e a hora de partida.
A repórter acompanhou a viagem sem se identificar como jornalista. ""Se fosse um convite para churrasco, com cerveja, estaria lotado de gente em pé", disse uma funcionária da Secretaria de Cultura. Não havia galhardetes, bandeiras nem cantos de hinos partidários. Foi uma viagem silenciosa, de empregados que seguem para um serão extra após a jornada normal de trabalho.
No início da tarde, três ônibus que levariam moradores de Japeri (vizinho a Queimados) para o comício voltaram para a garagem. Eles sairiam da Câmara Municipal.
Funcionários disseram que o cancelamento foi por ordem superior. O prefeito de Japeri é do PSDB, mas apoiaria, nos bastidores, Dilma Rousseff e Sérgio Cabral. Não há propaganda de José Serra na cidade.
O juiz Paulo Cesar Vieira de Carvalho Filho, do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, disse que, se foi usado dinheiro público para o aluguel do ônibus, houve ilícito eleitoral.
Colaborou Fabio Grellet, do Rio
Nenhum comentário:
Postar um comentário