Para prefeito é até mais fácil, porque a oferta é menor. O número mais
reduzido de candidatos permite analisar cada um, comparar feitos e defeitos,
estudar os programas e propostas, enfim, pesar prós e contras antes de decidir.
Mas em relação à Câmara de Vereadores, uma escolha tão importante quanto a de
prefeito, talvez até mais, já que é ela quem elabora as leis e fiscaliza seu
cumprimento, o processo é mais complicado. Segundo a ONG Transparência Brasil,
o custo da Casa aos cofres públicos é de R$ 398 milhões por ano, o que equivale
a R$ 7,8 milhões por vereador ou R$ 63 por carioca. Desse total, 70% vão para a
folha de pagamento. São 1.715 candidatos disputando 51 vagas, sendo que 44
concorrem à reeleição, ou seja, 86% do total (apenas sete não estão na disputa
amanhã).
A ONG chama a atenção para a falta de transparência do site da Câmara, que
não divulga dados sobre a frequência dos parlamentares em plenário e nas
comissões, nem sobre o uso da verba indenizatória e os gastos com viagens.
Segundo a mesma fonte, 13 vereadores cariocas, 25% do total, foram citados na
Justiça ou em tribunais de contas. Quatro tiveram a prestação de contas de
eleições anteriores rejeitada ou reprovada, dois são alvo de ação por
improbidade administrativa, um por compra de voto, outro por crime eleitoral e
um teve mandato anterior cassado por infidelidade partidária.
O panorama não é dos mais animadores. A antiga Gaiola de Ouro tem se
esforçado para manter sua tradição de escândalos. Entre os que chegaram às
páginas dos jornais no ano passado, esteve o do reajuste salarial de mais de
60% - de R$ 9.200 para R$ 15 mil, sem contar o auxílio paletó de R$ 5.700 -
enquanto o funcionalismo batalhava por 6% a mais em seus salários. Só quatro
parlamentares questionaram e rejeitaram o aumento, devolvendo o recebido, pois
além de imoral o aumento era ilegal, já que a lei só autoriza aumentar os
subsídios da legislatura seguinte, nunca da atual. Se isso fosse pouco, houve
ainda a descoberta do envolvimento de pelo menos quatro integrantes da Casa com
o crime, levando O GLOBO a dar uma nova classificação à Gaiola de Ouro:
"Berço dos milicianos." Esses escândalos provocaram muita catarse em
forma de protestos e cartas indignadas. Porém, a melhor maneira de reverter o
quadro, o processo mais eficaz e mais produtivo é transformar a indignação em
ação. Pelo voto. É amanhã o dia.
Fonte: O Globo
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