• Crise econômica e perda de governabilidade são mais citados que as ‘pedaladas’, base do pedido de impeachment
Gabriela Caesar e Valmar Hupsel Filho - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Os parlamentares que se posicionaram favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff expuseram suas opiniões com argumentos mais políticos e econômicos do que técnicos ou jurídicos. Justificativas como “perda da capacidade de governar”, “ausência de clima político”, “inflação” e “aumento do desemprego” foram mais usadas pelos deputados ouvidos pelo Estado que as “pedaladas fiscais”, principal fundamentação jurídica do pedido de impeachment que está em análise na Casa.
Já os deputados que defendem a permanência da presidente argumentam que não há base legal para dar prosseguimento ao processo. “Ela perdeu as condições políticas para livrar o Brasil da crise em que se encontra”, disse o deputado Átila Lins (PSD-AM), que vê a substituição de Dilma como “luz no fim do túnel para tirar o País desse imobilismo”. “Não acho que há crime, há crise. E crise não se resolve com impeachment”, rebateu Pompeo de Mattos (PDT-RS).
Embora haja um sentimento de que uma eventual gestão do vice Michel Temer poderia dar novos ares à capacidade de o governo de dialogar com o Congresso, a hipótese ainda é vista com ressalvas principalmente em relação à forma como seria formado o governo. “Tudo vai depender dos sinais que ele der. Ele teria de fazer um governo de coalizão”, resumiu o deputado Dimas Fabiano (PP-MG).
“Só de entrar o (Mauricio) Macri, a Argentina já está reagindo”, comparou o deputado Fernando Jordão (PMDB-RJ), em alusão ao presidente do país vizinho. “Temer é equilibrado, conciliador.”
O vice-líder do PPS na Câmara, Arnaldo Jordy (PA), disse que, embora não haja posicionamento oficial, o partido é “quase unânime” ao se posicionar favorável ao afastamento da presidente. Segundo ele, o PPS não apoia as diretrizes propostas na “Ponte para o Futuro”, divulgado pelo PMDB no ano passado com proposições para o País. “É radicalmente contra conquistas sociais”, disse.
Para o deputado Ariosto Holanda (PDT-CE), uma eventual substituição de Dilma por Temer seria o mesmo que “trocar seis por meia dúzia”. Embora diversos pedetistas afirmem que devem votar a favor do impeachment, Holanda considera que “o PDT vai fechar com PT” no dia da votação.
Cunha. O deputado Wolney Queiroz (PDT-PE) não vê legitimidade em um processo conduzido na Câmara pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas apoiaria um eventual governo Temer. Crítico ao peemedebista, o deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) descarta a possibilidade de, num eventual governo Temer, Cunha ser o próximo na linha sucessória. “Ele é réu em investigação no Supremo”, disse.
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