Blog do Noblat / Metrópoles
Se a eleição presidencial de 2022 fosse
hoje, Lula venceria no primeiro turno porque teria mais votos do que a soma dos
seus adversários
Lula é favorito a se eleger presidente na
eleição do ano que vem. Segundo pesquisa do Instituto Ipec, sucessor do extinto
Ibope, neste momento Lula tem mais do dobro das intenções de voto do presidente
Jair Bolsonaro – 49% a 23%,
O resultado é parecido com o da pesquisa
aplicada por uma empresa americana sob encomenda de um banco, e publicada neste
blog na última segunda-feira (44% a 22%). A margem de erro da pesquisa do Ipec
é de dois pontos, para mais ou para menos.
Tanto numa pesquisa como na outra, Lula venceria no primeiro turno, superando a soma de votos dos seus eventuais adversários. Na pesquisa do Ipec, Ciro Gomes (PDT) tem 7%, João Doria (PSDB) 5% e Luiz Henrique Mandetta (DEM) 3%.
Lula lidera em todos os segmentos do
eleitorado. Seu principal reduto continua sendo o Nordeste, onde tem 63% das
preferências, com vantagem de 48 pontos porcentuais sobre Bolsonaro. A menor
vantagem de Lula ocorre no Sul (35% a 29%).
No Sudeste, região que concentra o maior
número de eleitores, o ex-presidente tem 47%, e Bolsonaro 24%. O Ipec
entrevistou, presencialmente, 2.002 eleitores em 141 cidades, entre 17 e 21 de
junho. As más notícias para Bolsonaro não param por aqui.
Em fevereiro último, segundo o Ipec, 28%
consideravam a administração de Bolsonaro ótima ou boa. Agora, o número caiu
para 24%. Para 39% dos entrevistados, a administração era ruim ou péssima em
fevereiro. Agora, o índice subiu para 49%.
Os números da aprovação à forma de
Bolsonaro administrar o país também pioraram: em fevereiro, 38% aprovavam;
agora, 30%. 58% desaprovavam a forma de administrar de Bolsonaro em fevereiro;
agora, 66% desaprovam.
Para Arthur Lira, melhor do que dependente
é um presidente refém
Centrão espera extrair todas as vantagens
possíveis do seu apoio ao governo para, se for o caso, abandoná-lo mais adiante
Fosse Arthur Lira (PP-AL) um político à
altura do cargo de presidente da Câmara dos Deputados, ele já teria aceitado
uma das centenas de pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro
que guarda no armário do seu gabinete.
Mas a cadeira de presidente da Câmara é muito
larga para Lira, como foi para a geração recente dos que o ali o antecederam,
assim como a de presidente da República é demasiadamente grande para Bolsonaro,
mas não foi para Fernando Henrique e Lula.
A Constituição confere ao presidente da Câmara, e unicamente a ele, o poder de aceitar um pedido de impeachment. Mas não lhe cabe decidir se o processo de impeachment será aberto. Isso cabe primeiro a uma comissão, e depois ao plenário.
Mesmo diante dos sucessivos crimes de
responsabilidade cometidos por Bolsonaro até aqui, Lira recusa-se a aceitar
qualquer pedido sob a alegação de que seria prejudicial ao país. Quem disse que
seria prejudicial? Somente ele?
Por que não aceita e deixa que o plenário
da Câmara decida a respeito? Não foi o que se fez quando Fernando Collor e
Dilma Rousseff presidiam a República? Não foi o plenário que decidiu negar dois
pedidos do Supremo para processar Michel Temer?
Quantos outros crimes Bolsonaro precisa
ainda cometer para que uma Câmara formada por 513 deputados seja chamada a
deliberar coletivamente, e não mais pelo voto de uma só pessoa? Sem falar que é
o Senado que cassa mandato de presidente, a Câmara não.
Lira foi eleito presidente da Câmara com o
apoio de Bolsonaro. Deve-lhe parte dos votos que teve. É um dos líderes do
Centrão, grupo dos partidos mais fisiológicos do Congresso que sustenta
governos em troca de vantagens, entre elas as inconfessáveis.
Melhor do que ter um presidente dependente para aprovar projetos, só ter um presidente refém com medo de não conseguir governar até o fim.
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